Preço da carne dispara e afeta o prato dos Sorocabanos

Preço da carne dispara e afeta o prato dos Sorocabanos Imagem por Jornal Zona Norte e Texto por Jornal Zona Norte
  • 06/12/2019 às 12:04
  • Atualizado 12/09/2022 às 12:04
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O prato do dia-a-dia do brasileiro tem ficado cada vez mais caro, isso por conta da alta no preço da carne bovina, que também puxou o preço do frango e do porco por todos os cantos. Quem frequenta os supermercados e açougues tem tido que se virar para continuar comprando a “mistura” de todos os dias.

De acordo com os dados do último Índice de Preços ao Consumidor – Semanal IPC-S analisado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE), o preço da carne disparou no cenário nacional, com um aumento de 15,57% entre janeiro e novembro de 2019.

Um dos cortes mais consumidos pelo brasileiro, o contrafilé foi um dos vilões da inflação registrando, segundo o IPC-S, um aumento de 13,58% no apanhado do ano, deixando o churrasco do final de semana, mais salgado do que de costume.

O economista e professor da UNIP Sorocaba, Alessandro Jordão, explica que o encarecimento do produto local está diretamente ligado a questões internacionais. “Com o aumento da demanda externa, impulsionada pelo surto de peste suína africana na Ásia, a oferta interna foi drasticamente reduzida e o preço da carne suína e bovina aumentou em todo o país,” afirma o especialista.

E as previsões no curto e médio prazo não são muito animadoras para os consumidores. “E esse cenário não tem mudanças a curto prazo já que a demanda externa, puxada pela Europa e Ásia, especialmente, pela China, tende a crescer num ritmo mais acelerado que a produção doméstica,” avalia o economista, que ressalta a possibilidade de novos aumentos no preço do produto, “A pressão nos preços da carne vermelha, já sentida nos últimos meses deste ano, deve continuar e a previsão é que aumente ainda mais nos próximos meses.”

Outro ponto importante da inflação sentida nas compras de carne vermelha foram as afirmações da atual ministra da agricultura, Tereza Cristina, que alertou que o preço não deverá ser reduzido nos próximos meses, uma vez que ele não havia sido reajustado ao longo dos últimos anos. Alessandro Jordão critica a atitude do poder público de não interferir na medida. “Outro movimento relevante é que o governo, orientado ao livre mercado, não pretende interferir nos preços ou adotar medidas protecionistas,” julgou o professor universitário.

Comumente usados com alternativas ao preço da carne bovina, o frango e o porco também tiveram aumentos significativos nos preços em mercados e açougues.

Para o gerente de uma rede de açougues de Sorocaba, Fábio Bernardo, a alta nos preços tem “assustado” os consumidores. “O pessoal está deixando de levar carne, estão levando bem menos. Tem alguns clientes que vem, olham o preço, se assustam e vão embora. A gente aqui já não vende as mesmas quantidades que antes,” relata Bernardo

O gestor explica que nos últimos meses alguns cortes bovinos quase dobraram de preço, o que foi diretamente repassado ao consumidor. “Nós estávamos pagando R$ 9 o quilo da carne, hoje está vindo aí a R$ 16. A gente não está comprando a mesma quantidade que um tempo atrás. Antes nós comprávamos 50, ou 60 traseiros de boi, hoje a gente pega 30.  Diminuímos pela metade a compra, porque com o preço lá em cima a gente vende menos,” relatou.

 

Geladeira vazia

Para tentar amenizar os impactos da alta nos preços, a saída de muitos consumidores tem sido a procura pelas promoções dos supermercados. Esse é o caso do professor Jair José da Silva que deixou de comprar o produto em quantidade para o mês todo e agora busca os melhores descontos toda semana.

“As compras são feitas semanalmente ou quinzenalmente próximo ao pagamento. Daí aproveita as ofertas, mais como as variações são muito grandes não compro para estocar. Vou nos mercados nos dias de ofertas já sei o dia de promoção em todos mercados próximo de casa e pego os folhetos e comparo os preços, onde está mais barato compro. O que eu tenho feito é isso, comprar carnes mais baratas, comprando carne de porco, frango, ovo. E assim vamos levando,” esclareceu o professor.

 

Final de ano

Há menos de um mês para as festas de natal e ano novo, uma das preocupações dos brasileiros é se a alta no valor das compras vai afetar diretamente a ceia do brasileiro. Quem não abre mão de churrasco nas comemorações vai ter que se adaptar, deixando de lado o contrafilé de sempre e dando espaço para novos cortes mais em conta. O gerente do açougue dá a dica: “vai ter que optar pela carne mais barata, não tem jeito. Mas tem as carnes mais baratas como o miolo do acém, o miolo do sete. Tem gente que coloca um amaciante, tempera direitinho e come, até porque pagar R$ 50 no quilo não tem condições,” ensina Bernardo.

Sem previsão de declínios dos custos do produto, o que resta ao consumidor é tentar economizar em outras partes do supermercado, já que o preço da carne não deve baixar tão cedo.