Linha de ônibus do Residencial Carandá é novamente alvo de reclamações

Linha de ônibus do Residencial Carandá é novamente alvo de reclamações Imagem por Jornal Zona Norte e Texto por Jornal Zona Norte
  • 14/10/2017 às 12:34
  • Atualizado 12/09/2022 às 12:34
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As mais de duas mil famílias que moram no Residencial Carandá estão sofrendo problemas com a linha de ônibus que atende o bairro. Criada especificamente para atender a região, a linha 81-Carandá faz um trajeto considerado ruim para quem depende do transporte público para locomoção, seja para ir ao trabalho, escola, ou procurar atendimento médico.

Partindo do ponto final, nas proximidades da praça construída no Residencial, o “carro” que sai do Residencial acessa a Rodovia Emerenciano Prestes de Barros, mas ao invés de continuar pela Avenida Ipanema, até o Centro, dobra à Avenida Gualberto Moreira, passando pelo bairro São Bento e, pela Avenida Vinicius de Moraes, acessa a Avenida Edward Frufru Marciano da Silva, no Jardim São Guilherme e depois a Avenida Itavuvu, finalmente dirigindo-se, então, ao Terminal Santo Antônio.

A primeira viagem da linha saindo do ponto final, em dias úteis, parte às 4h, variando entre 25 e 35 minutos para a próxima viagem. Já a primeira viagem que vai pela Avenida Ipanema (mas ainda assim passa pelo São Bento), acontece às 6h20. A outra oportunidade só acontece seis horas depois, às 12h25, e a última, às 18h04. Já partindo do terminal, a primeira viagem que percorre toda a Avenida Ipanema acontece às 12h30, depois às 18h20 e às 22h50.

Isaura Aparecida Antunes, de 40 anos, é cozinheira, e relata que a viagem do bairro até o terminal demora aproximadamente uma hora. “Para voltar, demora mais ainda. Eu entro no trabalho às 7h30, tenho que pegar este ônibus que sai às 6h20 e vai pela Ipanema”, reclama. Ela ainda conta que a maioria dos moradores prefere pegar o ônibus neste horário, por ser mais rápido.

Já outra moradora lembra que nos horários comuns, o ônibus pára em todos os pontos. “Estão fazendo um abaixo-assinado reivindicando que seja, pelo menos, alternada a rota da viagem em cada horário. A maioria dos estudantes daqui está matriculada em escolas que ficam próximas à Avenida Ipanema. A transferência foi automática”, conta Maria da Penha, de 47 anos.

Luiz Heleno da Silva, de 38 anos, é pedreiro e relata que, na noite anterior à visita da reportagem no bairro, ele pegou o ônibus que sai do terminal às 20h, e chegou em casa somente às 21h10. “Saio daqui todo dia às 6h20, e chego no trabalho entre 7h40 e 8h10. Parece mentira, mas não é”, lamenta. O comentário feito pelos moradores, ainda, é de quem mora no bairro geralmente volta para casa no ônibus em pé, porque os moradores dos outros bairros também utilizam a linha. “Saio daqui em uma lata de sardinha, e depois pego outra pior ainda para chegar no meu trabalho”, reclama ele.

“E quando vier morar o pessoal do Altos do Ipanema II? Tomara que tenha uma linha só para eles”, dispara a cuidadora de idosos Solange Alves, de 50 anos. “Às vezes pego o ônibus às 5h, porque preciso chegar mais cedo na casa da senhora de quem cuido. Quando posso chegar mais tarde, sempre pego o das 6h20, que é mais rápido”. Solange trabalha na Vila Jardini e conta que chega ao trabalho por volta das 8h.

 

Mais dificuldades

Quem está desempregado enfrenta ainda mais problemas. Helen Cristina, de 26 anos, mora com o marido e mais dois filhos, de 5 e 6 anos, e está grávida de 8 meses. Tanto ela como o marido estão desempregados, e têm dificuldade para irem procurar emprego. “Aqui não tem nenhum local autorizado para compra de passe, então quem vende cobra R$ 5. Quando tenho que pegar algum ônibus, ando até o ponto final, para poder ir sentada”. Helen conta que perdeu cinco reuniões escolares do filho mais velho, porque não tem dinheiro para ir até lá. “Fora que se eu pegar o ônibus que vai pela Itavuvu, tenho que descer na frente da Feira da Barganha e andar até a Ipanema. Grávida, desse jeito, fica difícil”. O casal se arrepende de ter se mudado para o bairro. “Eu morava no Lopes de Oliveira. Lá tinha ônibus toda hora, e eu ainda conseguia marcar pediatra para os meus filhos todo mês. Aqui, eu não consegui desde que me mudei. Meu marido sempre fala: ‘ah, se arrependimento matasse’”.

 

O que diz a Prefeitura

Questionada, a Urbes – Trânsito e Transportes e a Prefeitura de Sorocaba responderam que a linha 81- Carandá, que é operada desde 25 de março, “teve seu itinerário configurado para atender importantes corredores viários que apresentam maiores pólos geradores de demanda, como shoppings, bancos, escolas, farmácias, unidades de saúde, hipermercados, etc”. A nota enviada destaca ainda que “esse itinerário amplia as opções de integração direta (sem pagamento de nova passagem) com linhas da região norte e industrial, favorecendo e facilitando os deslocamentos”.