Há três anos sem resposta da Prefeitura, morador resolve capinar mato das calçadas por contra própria na Zona Norte
- 27/12/2019 às 19:27
- Atualizado 12/09/2022 às 19:27
Cansado de esperar pelo serviço de limpeza e roçagem de ruas, uma responsabilidade da Prefeitura Municipal, o porteiro Luiz Antônio de Souza Feitosa, de 35 anos, resolveu por conta própria dar um fim ao mato que tomava conta da rua onde fica localizada sua residência. Há três anos e, depois de inúmeras tentativas de pedir pela ação de agentes da Divisão de Manutenção de Paisagismo e Arborização da Secretaria do Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMA), o morador do Jardim Zulmira precisou arregaçar as mangas e pôr, literalmente, as duas mãos na enxada.
“Eu estou tentando fazer o máximo de mim, com uma simples enxada, amolando-a todos os dias, eu faço a roçagem do mato da praça. Está ficando bonito? Eu acho que está! Eu liguei no 156 diversas vezes e nada deles virem fazer a roçagem. Mas aí a gente vê que é um tratamento diferente para a zona leste e sul, mas na zona norte é outro, a gente não precisa nem dizer. A Prefeitura só dá preferência para zona sul de Sorocaba,” relatou o morador da Zona Norte, que diariamente limpa as ruas da região, ação que foi iniciada por ele devido a demorada do Poder Público de tomar a frente do problema.
Luiz Antônio conta que chega a demorar uma semana para finalizar a limpeza da rua Valter Caldini, local onde reside. O porteiro explica que sozinho ele dedica diariamente uma hora do seu tempo com as mãos na enxada. “Sabe, quando a gente tem força de vontade nós vamos longe. Sou só eu, mais ninguém. Só eu e minha força de vontade,” firma o munícipe sobre seu trabalho. Sem ajuda, o trabalhador critica a falta de empenho da municipalidade em atuar na região. “Tem sido um trabalho árduo, a minha força de vontade é muito maior do que a de muita gente lá na prefeitura,” ressaltou.
Vivendo no bairro desde que nasceu, Luiz Antônio salienta, que sua força motriz é o carrinho pela região. “É triste esse descaso da Prefeitura. Eu amo o Jardim Zulmira,” garante o munícipe.
No último dia 2 de dezembro deste ano, o Poder Executivo divulgou, por meio do Diário Oficial, uma lista com o nome de ruas e bairros que seriam atendidos pela Divisão de Manutenção de Paisagismo e Arborização da Secretaria do Meio Ambiente e Sustentabilidade. No documento, o Jardim Zulmira não figurava entre os indicados para o serviço de roçagem e limpeza de praças. Na região, apenas a rua José da Silva Rodrigue, constava no anexo referente a poda de uma árvore. Na ocasião, a municipalidade anunciou 127 serviços de poda/abate de árvores e 266 serviços de roçagem.
Apesar da iniciativa pessoa, Luiz Antônio cobra mais efetividade do serviço que deveria ser inteiramente de responsabilidade do Poder Público. “São duas ruas que fazem o entroncamento com a praça. As ruas Valter Caldini e Vilarino Pires Nogueira. Eu carpi inteira a primeira rua, mas a praça a Prefeitura que faça a parte dela. Eu já estou colaborando demais da conta, passou até da conta,” brincou o morador, que complementou, “não é só no Jardim Zulmira, mas em todos os bairros da zona norte,” finalizou.
A Prefeitura foi questionada, na tarde desta sexta-feira (27), sobre a situação do mato alto nas vias do bairro da zona norte da cidade. Em resposta, a Secretaria de Comunicação divulgou que dado o horário do pedido não seria possível fornecer mais informações. “Importante lembrar que dados desta natureza se encontram em sistema informatizado e de acesso de pessoal técnico das respectivas pastas,” declarou.
A municipalidade justificou o tempo devido à proximidade com o período de festas e adiantou que uma resposta efetiva deverá acontecer no próximo ano. “Tendo em vista o fim de semana e o ponto facultativo dos dias 30 e 31, além do feriado de 1 de janeiro, só teremos condição de responder-lhe no dia 2 de janeiro de 2020,” informou a pasta.
Sem respostas, ou previsão de quando a Prefeitura assumirá a responsabilidade pela roçagem e limpeza do mato no Jardim Zulmira, Luiz Antônio de Souza Feitosa deve continuar realizando o serviço por conta própria. Como já mencionou, o moradora segue com as mãos na enxada, acompanhado apenas de sua força de vontade em manter o local onde reside habitável.