Escassez de medicamentos para diabéticos gera preocupação em Sorocaba

Escassez de medicamentos para diabéticos gera preocupação em Sorocaba Imagem por Divulgação e Texto por Laura Freitas / Jornal Z Norte
  • 23/08/2025 às 11:35
  • Atualizado 23/08/2025 às 11:35
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A Cidade de Sorocaba enfrenta a mais de um ano a falta de medicamentos de uso contínuo para tratamento de diabetes. As insulinas NPH e Regular, as mais utilizadas por pacientes com diabetes tipo 1 e 2, tem sido relatada como ausentes tanto em Unidades Básicas de Saúde (UBSs) quanto na Farmácia de Alto Custo. 

Vereadores afirmam que recebem diariamente denúncias sobre a falta de medicamentos. O vereador Raul Marcelo declarou que já fez diversos questionamentos à Secretaria Municipal da Saúde pedindo a reposição imediata dos estoques, mas que as solicitações não foram respondidas.

A estudante Ingrid Aparecida Moreira Chermawiski de Oliveira (22), moradora de Sorocaba, convive com diabetes desde os 8 anos de idade e depende do uso diário da insulina rápida NovoRapid, retirada uma vez por mês na Farmácia de alto custo. Ela relata que já passou por situações em que o medicamento não estava disponível. “Quando não encontramos, compramos por conta própria ou compartilhamos o que temos fechado ainda entre nós, diabéticos”, explicou. Segundo Ingrid a falta pode durar meses seguidos, com um ou mais itens em falta. “Isso as vezes impede que eu use a bomba, que é recomendada. Sem ela, meu corpo estranha e minha glicemia fica alta”.

Outros medicamentos para o tratamento da diabetes tipo 2 também estão em falta, segundo moradores. Rosângela Porto Pereira, do bairro Maria Eugênia, afirma que nunca encontra o remédio Clicazada 30 mg na UBS do bairro. “Eles falam que eu tenho que comprar. Quando fui retirar, minha receita ainda estava na validade, e mesmo assim não me deram”, contou. Rosângela ainda acrescenta que há dias tenta renovar a receita, mas ainda não conseguiu.

De acordo com informações do site Meu Remédio Sorocaba, mais de dez UBSs estão com o estoque baixo ou zerado de medicamentos para diabéticos. Sem a medicação correta os pacientes podem enfrentar riscos imediatos, como por exemplo a Cetoacidose diabética, condição grave que provoca náuseas, vômitos, dores abdominais, respiração acelerada e, em casos extremos, pode levar ao coma. A glicemia descontrolada também pode gerar complicações a longo prazo, afetando o coração, nervos, olhos, rins e vasos sanguíneos.

O problema não atinge apenas Sorocaba: cidades da região também relatam dificuldades de abastecimento. Situações semelhantes já ocorreram em outros estados, quando atrasos no envio de medicamentos pelo Ministério da Saúde impactaram a rede pública.

 Diante do cenário local, o vereador Raul Marcelo informou que acionou o Ministério Público na última segunda-feira (18) para investigar o contrato da empresa Human Concierge, responsável pela gestão das farmácias em 33 UBSs do município.

O que dizem as autoridades

Em nota para o jornal, a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, diz que, segundo o Departamento Regional de Saúde (DRS) de Sorocaba, as insulinas humanas NPH e regular estão com o estoque abastecido na região, e que não houve intercorrência no envio para o município de Sorocaba. E ressalta, que a distribuição do medicamento é de responsabilidade do Ministério de Saúde.

A Prefeitura de Sorocaba ao ser questionada, diz que, “A Secretaria da Saúde (SES) informa que houve falta pontual na última semana em algumas unidades, mas a situação já está normalizada. Vale ressaltar que as insulinas são repassadas pelo governo do Estado aos municípios, gerenciando a distribuição de canetas e demais insumos referentes ao medicamento.