Raul Marcelo apresenta projeto que proíbe publicidade de jogos de azar, como bets, em espaços públicos de Sorocaba

Raul Marcelo apresenta projeto que proíbe publicidade de jogos de azar, como bets, em espaços públicos de Sorocaba Imagem por Divulgação e Texto por Divulgação
  • 29/05/2025 às 12:47
  • Atualizado 29/05/2025 às 12:47
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O vereador Raul Marcelo (PSOL) protocolou, nesta terça-feira (27), na Câmara Municipal de Sorocaba, um projeto de lei que proíbe a veiculação de publicidade de jogos de azar – incluindo apostas esportivas, plataformas de bets, jogos virtuais de cassino e outros – em espaços e equipamentos públicos da cidade. A medida visa proteger a população dos riscos sociais, econômicos e psicológicos relacionados a essas práticas.

Pelo projeto, fica proibida a divulgação de publicidade desses jogos em veículos e terminais do transporte coletivo, abrigos e pontos de ônibus, totens, outdoors, painéis eletrônicos instalados em espaços públicos, além de eventos organizados, financiados ou apoiados pela Prefeitura de Sorocaba. A legislação também determina que o município promova campanhas educativas e de conscientização sobre os perigos dos jogos de azar, com ações em escolas da rede municipal, redes sociais, distribuição de materiais gráficos e eventos públicos.

"Estamos falando de uma verdadeira pandemia de jogos de azar, que atinge especialmente a juventude e as camadas mais vulneráveis da sociedade. É preciso que o poder público assuma sua responsabilidade e proteja a população desses riscos. Não podemos permitir que espaços e eventos públicos se tornem vitrines para essas empresas", destaca Raul Marcelo.

A proposta surge em meio a um cenário alarmante: segundo o Datafolha, em 2024, 23 milhões de brasileiros — 15% da população — apostaram em jogos virtuais, sendo que 47% deles afirmaram estar endividados. O Banco Central estima movimentações mensais de até R$ 30 bilhões no primeiro trimestre de 2025.

Além disso, o varejo brasileiro perdeu R$ 103 bilhões por causa das bets em 2024, segundo estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O mesmo levantamento revela que 1,8 milhão de pessoas ficaram inadimplentes por comprometer a renda com apostas online. Ainda em 2024, os brasileiros apostaram um total de R$ 240 bilhões, de acordo com um levantamento denominado "O Panorama das Bets", que levou em consideração dados disponibilizados pelo Banco Central.

Outro dado preocupante é a vulnerabilidade da juventude: uma pesquisa do Ministério da Justiça aponta que adolescentes representam 55,2% dos apostadores na zona de risco para o vício. Além disso, 86% dos apostadores têm algum tipo de dívida, e 64% estão negativados, evidenciando, de acordo com o autor do projeto de lei, o grave impacto econômico e social que essas práticas podem gerar nas famílias e na saúde mental da população.

De forma ainda mais alarmante, segundo dados da Fecomércio, 20% dos apostadores de cassinos virtuais deixaram de comer, comprar roupas ou adquirir outros mantimentos necessários ao cotidiano apenas para continuar apostando. Na avaliação do parlamentar do PSOL, esses números escancaram o potencial destrutivo do vício em apostas, que vai muito além do endividamento e alcança o nível mais básico da subsistência humana.

O projeto também define penalidades para o descumprimento da norma. Na primeira infração, será emitida uma advertência. Em caso de reincidência, será aplicada uma multa, cujo valor será definido por regulamentação posterior da administração municipal. Caso persista o descumprimento, poderá ser determinada a suspensão do alvará de publicidade ou da autorização de uso do espaço público.

Além da proibição, o projeto determina que a Prefeitura de Sorocaba, por meio de suas secretarias, realize campanhas educativas e de conscientização sobre os perigos dos jogos de azar, com ações em escolas da rede municipal, redes sociais, distribuição de materiais gráficos e eventos públicos.

"Preocupa o fato de que, em muitos casos, adolescentes e jovens são alvo preferencial das campanhas publicitárias de apostas, com promessas ilusórias de ganhos fáceis. Precisamos dar um basta nisso", reforça o vereador. "Sorocaba pode se tornar referência nacional no enfrentamento a essa questão, demonstrando compromisso com a saúde mental, a integridade das famílias e a dignidade da nossa juventude", conclui Raul Marcelo.