Bar sorocabano estimula a formação de novos grupos de jazz

Bar sorocabano estimula a formação de novos grupos de jazz Imagem por Jornal Zona Norte e Texto por Jornal Zona Norte
  • 04/08/2014 às 16:53
  • Atualizado 12/09/2022 às 16:53
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O Kingsford Pub, com apenas um ano de funcionamento, já fomentou a formação de vários duos, trios e quartetos do estilo

 

O jazz surgiu nos Estados Unidos, na região de Nova Orleans, no início do século XX, por meio da cultura popular e da criatividade das comunidades negras que ali viviam. Resgatando tradições musicais afro-americanas, eles criaram um novo ritmo: livre, cheio de improvisação e sentimento, somando a ele, outras possibilidades, como o blues e o soul. Atualmente, principalmente no Brasil, esse estilo musical ganhou um ar elitizado, não sendo muito conhecido, tão pouco apreciado pela grande massa. Pensando em resgatar essa origem popular, o Kingsford Pub – bar localizado em Sorocaba – destinou um dia na semana, para exibir shows de jazz, blues e soul, incentivando, com isso, a criação de novos grupos musicais na cidade. 

Essa iniciativa partiu de Eric Zanetti, um dos sócios do bar, que juntamente com o pianista João Leopoldo, pensou em criar um espaço para o público contemplar esses gêneros musicais. “Fui à inauguração do Kingsford, em agosto do ano passado, e gostei muito da dinâmica do bar, bem ao estilo dos pubs britânicos. Fazia pouco tempo que havia voltado de uma viagem a Londres e, de imediato, imaginei o local com esse tipo de música ao vivo, muito recorrente nos pubs ingleses e alemães. Contei ao Eric sobre minha ideia, de oferecer o trabalho de jazz, mas sem aquele modelo blasé e sim com a proposta de quebrar rótulos e estereótipos. Ele gostou da sugestão e me convidou para tocar lá”, recorda João Leopoldo.

A partir dessa conversa, surgiu o Quarteto Livre – formado por João Leopoldo (piano), Richard Ferrarini (Saxofone), Thiago Brisola (baixo acústico) e Ítalo Ribeiro (bateria) – o repertório do grupo é composto por clássicos do jazz e muita improvisação musical. “Esse é um projeto aberto, uma reunião de amigos que gostam das mesmas coisas. Nossa intenção é manter essa relação musical sempre disposta a parcerias e novos ares”, conta João.

Após a abertura dessa chance, Eric conta que vários músicos começaram a mandar seus trabalhos para ele, alguns pessoalmente, outros por meio das redes sociais. “Vários tinham anos de carreira em outros estilos musicais, mas se reuniram com alguns colegas para formar duos e trios de jazz. Esse é o caso do trio formado pelos músicos Mya Machado (voz), Rolando Beltran (violão) e Caio Alquati (gaita).”

“Queríamos fazer algo novo. Conversamos com o Eric, que nos deu a oportunidade de fazer um trio. Foi bem incrível”, comenta Mya Machado. “Sou apreciador de música de qualidade e acho que Sorocaba estava necessitando de shows como estes. Os empresários da noite sorocabana acabam sempre por escolher gêneros mais populares, como sertanejo e pagode”, comenta Eric.

O chileno, mas sorocabano de coração, Rolando Beltran, já se apresentou no Kingsford em várias formações. “Fiz outro dia um duo com a cantora Marinete Marcato e foi bem legal, fazia muito tempo que não tocava com ela. Também quero manter por muito tempo a parceira com a Mya e com o Caio, que é um bluseiro de mão cheia”, brinca.

De acordo com João Leopoldo, esse espaço é importante para impulsionar manifestações culturais na cidade. “Sorocaba é uma cidade linda musicalmente, com grandes referências no Brasil e no exterior. Temos ao nosso lado, uma das melhores escolas de música, em Tatuí, então o cenário fica muito concorrido, o que vejo com bons olhos, porque isso faz as noites terem mais opções de música e cultura. O Kingsford já pode ser considerado um dos bares mais interessantes pra se frequentar pela proposta: ambiente agradável e com um cardápio musical de primeira.”

E mesmo não sendo um ritmo musical tão popular, o gênero foi bem aceito pelo público. Alguns já se tornaram frequentadores assíduos, como Victor Segamarchi, que é dentista e músico nas horas vagas. “Cresci ouvindo boa música ao lado do meu pai, isso me incentivou a aprender mais sobre esse universo. Toco saxofone e violão, mas nada profissional. Gosto muito de jazz e várias vezes fui a São Paulo assistir a shows desse estilo, pois em Sorocaba não havia locais como esse”, relembra. “Agora tenho a oportunidade de assistir a apresentações de qualidade pertinho da minha casa.”