Sinal Verde para a Simpatia

- 03/10/2014 às 11:31
- Atualizado 12/09/2022 às 11:31
Um dia com muitos cumprimentos, buzinadas e acenos. Mas ele não é autoridade, não é político, muito menos algum artista. Claudinei da Silva Ramos, de 45 anos, já virou símbolo na Zona Norte. Ele é o simpático vendedor de doces da Praça 14 Bis, nas proximidades da Avenida Santos Dumont.
Toda a história de Claudinei, que tem quatro filhos, e reside no bairro Guadalupe, começou quando em 2008 ele estava desempregado e recebeu sinais de que mudaria de vida. “Entrei em uma igreja e lá deu na palavra que ali havia um vendedor”, diz. “Eu senti que aquelas palavras eram para mim. Era um caminho que o Senhor dava para a minha vida”, complementa.
Mas, como teve problemas com as vendas no centro da cidade, onde iniciou seu trabalho após ter ganho uma certa quantia de um desconhecido, Claudinei tomou duas medidas. A primeira foi mudar de ponto. Foi quando ele veio para a Zona Norte. A segunda medida é a que o distinguiria dos demais vendedores da cidade, o uso de traje social em suas operações de vendas. “No começo eu não vinha assim. Mas tinha que pensar em um meio de me diferenciar, e, por isso, mudei o visual”, lembra. Mas Claudinei aponta outra justificativa para o caso. “As pessoas estranham, mas não estou aqui apenas para vender doces. Também estou aqui para pregar a palavra de Deus”, conta. “As pessoas confiam mais quando a gente está assim”, complementa sobre suas vestes.
Claudinei criou um vínculo tão grande com quem transita pela via que já abriu uma espécie de fiado para os seus clientes. Mas há uma diferença: não há caderneta ou qualquer outro tipo de anotação. Tudo é na base da confiança. “Tem gente que dá para confiar. Eles levam e quando der, passam para pagar”, diz.
De goma de mascar, passando por trufas, balas e doce de amendoim, até uma consagrada marca de chocolate. Ele tem quase tudo em sua bandeja. O que faltar, ainda corre o risco de ser encontrado em duas sacolas que o acompanham.
“Não é muito, mas dá para sobreviver”, afirma Claudinei sobre os ganhos com a atividade. Ele conta que o trabalho, que é executado também no cruzamento das avenidas Ipanema e Itavuvu, é a única fonte de renda de sua casa.
Casado há vinte anos, o vendedor, que é conhecido como o “Tio do Doce”, conta sobre seus sonhos, sem desvincular de sua missão. “Se um dia eu tiver a oportunidade de ter uma lojinha, será bem melhor. Mas mesmo assim, vou continuar levando a palavra de Deus”, termina.
O Claudinei está todos os dias na Praça 14 Bis a partir das 17h.