rabalho dos tratadores é essencial para garantir o bem-estar dos animais do zoo

rabalho dos tratadores é essencial para garantir o bem-estar dos animais do zoo Imagem por Jornal Zona Norte e Texto por Jornal Zona Norte
  • 20/10/2018 às 14:05
  • Atualizado 12/09/2022 às 14:05
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Eles alimentam os animais, ambientam os recintos e os mantém limpos, mas o papel dos tratadores do Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros” vai muito além disso. Eles estão o tempo todo atentos observando se os bichos estão bem, com aspecto saudável, e o comportamento natural de cada indivíduo, funcionando como o principal elo entre o animal e a equipe técnica do parque, formada por biólogos, médicos veterinários e zootecnista. O objetivo único é garantir o bem-estar dos cerca de 1.200 habitantes de quase 300 espécies do zoo.

Espaço privilegiado, o “Quinzinho de Barros” foi inaugurado em 1968 e é administrado pela Prefeitura de Sorocaba, por meio da Secretaria do Meio Ambiente, Parques e Jardins (Sema). Ao longo dos anos, o parque vem desempenhando um importante trabalho de conservação, pesquisa, bem-estar animal, educação ambiental e lazer, que são as cinco funções de um zoológico moderno.

Pela convivência e observação diárias, os tratadores são capacitados a relatar imediatamente qualquer alteração que notem no comportamento dos animais sob seu cuidado, e que pode ser indicativo, por exemplo, de que um animal esteja doente ou ainda próximo ao momento de um parto.

 

Irineu até lixa as unhas do Black

Irineu Antunes Ribeiro é tratador do zoo há 31 anos e é um dos responsáveis por cuidar do chimpanzé, dos hipopótamos e dos babuínos. Aliás, quando o tratador se tornou funcionário público, em 1987, o chimpanzé Black já habitava o zoo. A ligação entre eles é tão forte, que Irineu consegue até lixar as unhas de Black.

Segundo Irineu, hoje o seu maior cuidado aliás é com o Black, por ser um animal já idoso e um dos mais antigos do zoo. Estima-se que ele tenha 53 anos. “A atenção com ele é total para garantir que ele não pegue nenhum resfriado, por exemplo”, conta o funcionário.

Black recebe café da manhã, com leite na mamadeira, água de coco, chá de camomila, mas seus alimentos preferidos são banana e mamão. Na época de inverno, ele ganha cobertor de manhã e à noite. Já no verão, o presente é um delicioso sorvete de frutas preparado pela equipe do setor de nutrição do parque.

Aos domingos, ele e outros animais do zoo ganham “presentes especiais”, também chamado de enriquecimento ambiental, com o objetivo de melhorar o bem-estar deles. Black já ganhou, por exemplo, milho cozido dentro de uma caixa de papelão, ovo de avestruz cozido e até banana amassada no cupinzeiro para que ele retire a fruta utilizando um graveto, uma estratégia para que o bicho precise buscar o alimento como se fosse na natureza.

“Black é uma criança, um figurão. Dou risada o tempo todo com ele. Adora brincar de pega-pega, cabo de guerra utilizando graveto e quando falo que estou perdendo a disputa ele larga o graveto. É muito inteligente e tem ciúmes da gente”, conta Irineu, ao lado de Marli Santa Bueno Marçal, que atua no “Quinzinho de Barros” há três anos e cinco meses e é a outra tratadora responsável pelo chimpanzé.

Irineu trabalha desde os 9 anos de idade com bichos. Começou com gado numa fazenda entre Sorocaba e Porto Feliz, onde seus pais trabalhavam. Em 1987 começou a trabalhar no zoo. “Em 1992 prestei concurso e passei em primeiro lugar e até hoje estou aqui com o xodó (Black) do zoo”, relata. “Gosto daqui. No começou fiquei assustado, mas depois… Peguei amor por esse lugar”, declara. Em sete anos, ele deve se aposentar.

 

Criatividade

Outro tratador é o Eugênio José da Silva, que está há 29 anos trabalhando no zoo de Sorocaba. Ele é o responsável pelos grandes felinos, como os tigres-de-bengala Nino e Índia, e espécies do Cerrado, como o lobo-guará, o tamanduá-bandeira, o cachorro-do-mato, a raposinha do campo e o veado catingueiro.

Mesmo tímido, ele conta ter orgulho do que faz. “Gosto muito deste lugar. Aqui faço o meu melhor e uso a minha criatividade. Os veterinários pedem alguma coisa e eu sempre penso em como poderia fazer aquele serviço melhor e de uma maneira diferente. Aqui aprendo sempre e ainda tenho a oportunidade de ver muita coisa que os visitantes não veem. São pequenos detalhes”, conta. “O público vem aqui e acha que o tigre só fica deitado no seu recinto. Mas o que eles não sabem é que esse animal tem hábito noturno. A partir das 16h é que ele começa a ficar ativo e até a postura dele muda”, explica.

Apesar do tempo e a experiência, Eugênio destaca que tem muito respeito pelos animais, pelo simples fato de serem selvagens. “Aqui tenho atenção redobrada o tempo todo”, conta, principalmente quando precisa ir nas áreas de cambiamento, que são espaços fechados atrás da área de exposição e ligados a ela por portas.

Essas áreas que os visitantes não podem ver cumprem diversas funções. Podem servir para os animais passarem a noite ou como uma opção quando o animal não quer ficar exposto ao visitante. Também funcionam como local para distribuir o alimento individualmente, para controlar o que cada animal come, ou um espaço onde os veterinários conseguem tratar dos bichos mais facilmente.

 

Serviço

Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros”

Endereço: rua Theodoro Kaisel, 883 – Vila Hortência

Horário de funcionamento: terça-feira a domingo, das 9h às 17h

Telefone: (15) 3227.5454

Ingressos: R$ 8 para pessoas de 12 a 59 anos; e R$ 4 para crianças de 6 a 11 anos, além de estudantes dos ensinos Fundamental, Médio, Técnico ou Superior, reconhecidos pelo MEC, mediante comprovação de matrícula ou carteira estudantil dentro do prazo de validade.

Crianças até 5 anos, idosos acima de 60 anos completos e pessoa com deficiência, garantindo-se ao seu acompanhante, quando necessário e quando comprove estar nessa condição, são isentos de pagamento do ingresso. Além disso, alunos, professores e monitores das redes municipal e estadual de ensino público, com sede em Sorocaba, acompanhados pela escola; participantes de instituições assistenciais, com atuação social, cultural e ambiental são isentos de pagamento do ingresso de terça a sexta-feira.