Padre diz que pastoral foi impedida de alimentar pobres e questiona: será que o programa do prefeito é limpar os pobres e jogá-los fora?

- 21/03/2017 às 21:32
- Atualizado 12/09/2022 às 21:32
O padre Wagner, um dos mais populares de Sorocaba, divulgou um “vídeo emergencial” para relatar que a Pastoral Fraternidade e Caridade foi impedida de alimentar pessoas em situação de rua. A ação teria ocorrido na segunda-feira (20).
Conforme ele, “membros da pastoral foram autuados por alguns policiais que vieram com um papel, parece que eles já estavam esperando, para dizer que esse trabalho está proibido, não pode ser feito”, explica o pároco. “Deu a entender que os moradores de rua devem ser despachados para outra cidade. Então eu quero fazer uma pergunta: será que o programa cidade linda do prefeito é limpar os pobres e jogá-los fora? Será que isso é o programa de governo? Estou perguntando”, diz o padre se referindo ao programa Cidade Bonita, instituída recentemente pelo prefeito José Crespo (DEM). “Se não cuidarmos dos mais pobres, dificilmente vamos para o paraíso”, adverte. “Isso me deixou muito consternado”, acrescenta. Segundo ele, membros da paróquia e o veículo chegaram a ser fotografados.
O padre também justificou no material de cerca de três minutos os motivos da ação da pastoral. “O número de moradores de rua aumentou demais, em função da crise, evidentemente, e pela roubalheira e pela corrupção e quem paga são os pobres. A cidade está repleta de pessoas assim, lamentavelmente”, diz o religioso. “A nossa pastoral não só estava alimentando esse povo, mas estava também tentando inseri-lo”, conta.
No final do vídeo, o padre Wagner ironiza e pede ajuda. “Que crime feio (alimentar os pobres). Peço a sua ajuda para que isso não fique sem resposta”, termina.
A Prefeitura de Sorocaba comentou a situação via Assessoria de Imprensa. O Z Norte publicará o posicionamento do Executivo na íntegra. “A Secretaria de Igualdade e Assistência Social, responsável pela ação à qual o padre Wagner Lopes Ruivo se refere, informa que houve um mal-entendido: a Prefeitura não está proibindo a entrega de alimentos aos moradores em situação de rua e nem nunca cogitou tal atitude. Além disso, ressalta o apreço e o reconhecimento pelo trabalho do padre Wagner, bem como da sua paróquia, no que diz respeito à prática da caridade e da atenção aos mais pobres. De acordo com a secretária Cíntia de Almeida, o que aconteceu foi uma abordagem no sentido de orientar as pessoas que vivem em situação de rua sobre a importância de aceitarem o acolhimento em entidades que ajudam a cuidar delas, como faz o SOS, pois a vida na rua impõe riscos e dificuldades tanto a esses moradores quanto à população em geral e é função da pasta trabalhar pelo bem-estar social da comunidade, com ações como a que foi desenvolvida. Por meio da Secretaria de Igualdade e Assistência Social, o padre Wagner será convidado a participar do projeto que visa assistir e promover ações de assistência social voltadas para aqueles mais desprovidos de condições financeiras. A ideia, segundo a secretária, é que possa ser feito um trabalho conjunto de acolhimento e de devolução da dignidade às pessoas em condição de rua, envolvendo o padre e a Pastoral da Paróquia Fraternidade e Caridade.”