No Dia do Idoso, especialista fala dos cuidados com a melhor idade

No Dia do Idoso, especialista fala dos cuidados com a melhor idade Imagem por Jornal Zona Norte e Texto por Jornal Zona Norte
  • 01/10/2016 às 22:27
  • Atualizado 12/09/2022 às 22:27
Compartilhe:

Tempo de leitura: 00:00

No dia 1º de outubro é comemorado o Dia do Idoso no Brasil, essa data foi reconhecida em 2003 quando foi aprovada a Lei nº 10.741, que tornou vigente o Estatuto do Idoso. Com a criação desse Estatuto, o Brasil começou a incorporar à sua jurisprudência resoluções e organizações internacionais, como a Organização das Nações Unidas (ONU), que vem lutando pelos direitos e bem-estar das pessoas idosas e a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Segundo o IBGE, a expectativa de vida da população mais velha, tende a continuar aumentando. No Brasil em 2010, a expectativa era de que as pessoas vivessem em média 73,9 anos. Em 2030 esse número subirá para 78,6 anos e em 2060 o número vai para 81,2 anos.

Entretanto, viver mais não quer, necessariamente, dizer que as pessoas estão vivendo com qualidade de vida. O médico geriatra Marco Aurelio Montoro explica que o cuidado com a saúde é algo que deve ser trabalhado durante toda a vida e não só apenas ao chegar à velhice. “As pessoas perguntam se a idade certa para ir ao Geriatra seria a partir dos 60 anos. Pela tabela uma pessoa é considerada idosa a partir dos 65, mas o corpo começa a envelhecer a partir dos 35. Então se você começar a fazer exames anuais, a partir dos 40 anos, você vai ter um bom acompanhamento. Isso é um envelhecer com qualidade, pois, quando os problemas começarem a surgir você já vai trabalhando em cima disso antes, até chegar mesmo a idade considerado idoso pela população geral”, diz.

Questionado sobre quais seriam os cuidados que deveriam ser direcionados a essa parcela da população ele diz que essa é uma pergunta bem complexa e frisa, novamente, a necessidade de um cuidado anterior a velhice. “O que é saudável? Uma boa alimentação, atividade física, uma boa noite de sono sem estresse e também vem a questão de viagem, terapia ocupacional que é fazer bordado, pintura, argila e ter um psicólogo para acompanhar. Então, na verdade a gente chama de geriatria e gerontologia. Geriatria é o médico e gerontologia é o que dá suporte ao médico geriatra. O que seria esse suporte? São essas coisas que citei que formam todo um acompanhamento.

“O centro do idoso é um centro que capta todas essas informações. É um local em que o idoso passaria o dia, teria uma alimentação e uma atividade física adequada, formando um pacote de tudo aquilo que ele precisa. Mas para você chegar nisso, no centro de idoso qualificado, você tem um chão antes para ir e esse chão é o envelhecer com saúde, um paciente que faz ginástica, caminhada, tem uma nutricionista, toma a medicação. Mas não adianta você dar o remédio para o paciente e ele ser uma pessoa que não pode sair, tem que ficar em casa, não tem condições financeiras para medicamentos, pois, esses são fatores que podem acabar gerando depressão, que é um dos maiores fatores que eu vejo na geriatria”, explica Marco Aurelio.

O médico conta que são várias as doenças que aparecem nessa etapa da vida e que as que ele mais conseguiu captar em seus pacientes foram as doenças neuropsíquicas geriátricas, que são as doenças de depressão, transtorno de ansiedade, demência, alzheimer. E as doenças clínicas que são hipertensão, diabetes, dores localizadas ou generalizadas. Ele conta que trata de todas elas, mas por ter feito pós-graduação em psiquiatria as que ele mais gosta de tratar são as neuropsíquicas. “Esse é o meu forte, algo que eu tive que trabalhar porque tem que ter um tato muito forte para conseguir levantar o paciente. Você acaba virando família dele, você é amigo, filho, irmão, primo. Hoje em dia eu tenho pacientes que eu já chego abraço, beijo, que já faz parte da minha vida. Saber trabalhar com o psicológico dos pacientes é importante”.

Quanto a alimentação e atividade física para os idosos, o geriatra diz que vê em Sorocaba uma falta de cálcio no cardápio das pessoas e que essa é sua maior recomendação, ingerir alimentos que contenham o cálcio para o fortalecimento dos ossos e realizar atividades leves. “Na verdade não são todas as academias que tem um educador físico especializado em geriatria, mas se tiver uma academia que tenha esse personal é muito bom. Na falta desse profissional as pessoas devem realizar atividades leves, repetitivas e que não agridem nem a parte óssea, nem muscular. Essas atividades podem ser caminhadas a partir de 30 minutos no mínimo por dia para ganhar resistência ou até mesmo a hidroginástica que melhora essa parte de ligamento e articulação, ela tira a rigidez e aumenta a movimentação”, garante.

Marco Aurelio também fala que não há uma idade certa para que as pessoas idosas não devam mais morar sozinhas, porque isso é algo muito relativo. “Já tive pacientes de 90 anos que morava sozinho e fazia tudo e gente com 50 que não faz nada. Isso é muito relativo, depende das doenças que ele desenvolve. Às vezes as pessoas desenvolvem as doenças cedo, então provavelmente não vão poder ficar sozinhas. Mas de todo modo é bom fazer algumas adaptações básicas na casa como tirar tapete de tudo, colocar corrimão, senão na casa toda, ao menos na escada e banheiro. Não deixar nada em que o idoso possa tropeçar, como mesinha de centro, por exemplo, deixar tudo livre é a melhor forma de prevenir acidentes”.

O médico ainda fala sobre os problemas que mais atende em seu consultório. “Acredito que hoje em dia de cada 10 pacientes meus, 6 ou 7 fazem mais a parte das neuropsíquicas. Hoje em dia a população tem medo de ficar “caduca”, então procura muito o médico também por essa questão, então além dos cuidados com a alimentação e exercícios também recomendo muito um acompanhamento psicológico ou mesmo conversas com amigos ou parentes para aqueles que não podem pagar um profissional. Também ler bastante, fazer palavras cruzadas, ou algum tipo de exercício que possa exercitar o cérebro”, conclui.