Mato e deterioração tomam conta de antigo matadouro, mas Prefeitura nega abandono

Mato e deterioração tomam conta de antigo matadouro, mas Prefeitura nega abandono Imagem por Jornal Zona Norte e Texto por Jornal Zona Norte
  • 17/03/2017 às 13:54
  • Atualizado 12/09/2022 às 13:54
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No velho prédio localizado nas proximidades da Rua Paes de Linhares, no bairro Jardim Brasilândia, o abandono é evidente, contundente e incontestável. Não há portas, quanto mais vidros nas janelas e uniformidade nas amostras dos tijolos.

Tamanho é a intensidade do abandono que uma pequena árvore se sentiu a vontade para ‘transpor’ o telhado. E ela não está sozinha. Touceiras de mato crescem na lateral do prédio e o pequeno beiral lembra um jardim suspenso. Ainda na parte de fora, um monte de terra deixa a obra arquitetônica em segundo plano.  Dentro não é diferente. O mato alto, mais uma vez, é sinônimo do abandono.

 

Que abandono?

Apesar do flagrante abandono do antigo prédio, a Prefeitura de Sorocaba negou a situação. De acordo com o Executivo, “o local não está abandonado. A área é utilizada pela GCM (Patrulha Escolar) e também concentra a Academia de Formação dos Guardas Civis (Dec. 22.192/2016)”, diz nota da Secom enviada na quinta-feira (16).

A municipalidade justificou ainda que “no local há uma base escolar da GCM e não há registros de problemas com a questão de segurança” e afirmou também, sem dar detalhes, que “o espaço é utilizado pela GCM e existem projetos para ampliação do local pela própria GCM.

O Executivo não respondeu se existe projeto de restauração  do prédio e se há processo licitatório em aberto para os serviços.

 

Centro Cultural

A transformação do antigo matadouro em centro cultural para a Zona Norte da cidade chegou a ser prometida, mas não saiu do papel. Seis anos e meio após o anúncio das transformações nada foi feito para o prédio, cujo estado de deterioração e abandono piora dia após dia.

Em abril de 2010, o então prefeito Vitor Lippi afirmou que o entorno do prédio seria concebido para abrigar serviços da Ciretran e o Feirão do Automóvel, que naquele ano ainda funcionava no bairro Mangal.

A Prefeitura de Sorocaba chegou a anunciar na época até que havia um processo licitatório visando a restauração completa do prédio histórico. A promessa era de que após o restauro, o local seria usado, principalmente, para pesquisas e apresentações teatrais. Além do projeto de restauração do prédio, a área externa também seria revitalizada e ganharia nova iluminação. Ainda seria aplicado ao local um projeto de arborização e paisagismo. Tudo porém, ficou no campo da promessa.

Na ocasião em que a restauração foi anunciada, o então secretário municipal de cultura, Anderson Santos, em entrevista ao Z Norte, afirmou que a obra era um resgate de um prédio deteriorado e em condições precárias para um novo tempo e que era estratégico para a Zona Norte. “Para nós, o novo complexo de cultura é um presente amplificado com a construção de uma biblioteca especializada em cultura e salas de apresentações. Temos vários Centros de Cultura em Sorocaba, mas nada na Zona Norte, a não ser as nossas parcerias. No nosso ponto de vista, este novo complexo é estratégico”, afirmou.

Só no blog

Com tanto descaso com relação ao patrimônio histórico da cidade, não só o prédio está ficando cada vez mais deteriorado e velho. As promessas da Prefeitura de Sorocaba de restaurar o local para que ali seja realizado algum tipo de atividade também fica cada vez mais distante na linha do tempo, como o post da Secretaria de Comunicação de 2011, cuja manchete era “Projeto de restauração do matadouro passa por últimos ajustes.”

 

Quase 90!

Com quase noventa anos de história, o prédio foi inaugurado em 1928 e foi um dos quatro matadouros de Sorocaba. No ano de 1954, houve os primeiros movimentos do Ministério da Agricultura pelo seu fechamento. Em 1972, no governo de José Crespo Gonzales, foi cogitada a possibilidade de transformar o local em um parque, e o prédio, em museu de história natural. Em 1975 (Julho), houve o fechamento definitivo. Já em 1978, o local se transformou em garagem e oficina da Prefeitura. Em 1984 e 1985, sem sucesso, houve várias discussões na tentativa de reabrir o local como matadouro. No ano de 1989, o local passou a pertencer a Secretaria de Serviços Públicos (Serp). Sete anos depois, veio outra ideia de transformar o local em centro cultural. No mesmo ano, o prédio foi tombado pelo governo municipal. Após dois anos, ainda no governo Renato Amary, volta a ideia de transformar o local em centro de cultura. No ano seguinte acontece a demolição de dois anexos do prédio que não faziam parte do projeto original. Em 2008, a ideia de transformação do local fica para o ano seguinte.  Em Abril de 2010 a prefeitura de Sorocaba anuncia, como nas vezes anteriores, a transformação do local em complexo cultural.

Com tijolos aparente, é baseado no estilo arquitetônico inglês e está localizado em uma área de 25 mil metros quadrados.

O prédio está desativado, sendo o terreno usado por muitos anos como uma central operacional do SAAE (Serviço Autônomo de Água e Esgoto).