Equipe do Caps “Saca Só” faz parto de emergência em paciente

Equipe do Caps “Saca Só” faz parto de emergência em paciente Imagem por Jornal Zona Norte e Texto por Jornal Zona Norte
  • 05/04/2016 às 19:47
  • Atualizado 12/09/2022 às 19:47
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A equipe do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD III) “Saca Só”, unidade ligada à Secretaria da Saúde (SES) e que funciona 24 horas, foi pega de surpresa nas primeiras horas desta segunda-feira (4) devido a um imprevisto e que mudou a rotina na unidade. Uma paciente na 26ª semana de gestação, e que estava acolhida nesse Caps para atendimento em saúde mental, entrou em trabalho de parto e deu à luz na própria unidade. Tanto ela quanto o bebê – um menino que nasceu prematuro e pesando 1,1 quilo – passam bem e estão internados no Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS).

“Foi tudo muito rápido. Aconteceu em segundos, na recepção mesmo. Foi a situação mais inusitada que passei por aqui, pois não é um lugar próprio para uma intervenção desse tipo. Mas deu tudo certo. Ao menos nós estávamos preparados”, comemora a técnica de enfermagem Cidinha Mendes, que é funcionária do CAPS AD III “Saca só” desde que essa unidade começou a operar, em outubro de 2013.

O parto ocorreu às 0h15, com agravante que a paciente, de 33 anos de idade, é usuária de drogas. Além de Cidinha, também participaram do procedimento o técnico de enfermagem Cresley Martins e o enfermeiro Marcos Tadeu. “Foi tudo improvisado e usamos o que tínhamos em mãos, como lençóis. Antes, a paciente acordou com dores e foi ao banheiro. Não houve tempo de acomodá-la melhor, ela ficou deitada na recepção, estava escuro e num instante a criança nasceu”, recorda Cidinha.

Quando o Samu 192 chegou à unidade, a equipe do Caps já havia feito até a higienização do recém-nascido. O corte do cordão umbilical coube a Marcos Tadeu. Depois, ambos – mãe e bebê -, foram levados para o CHS. A técnica de enfermagem contou que o menino que nasceu, é o terceiro filho da paciente. “Até a hora que ele saiu daqui ainda não tinha um nome definido. Também foi tudo um corre-corre só”, aponta Cidinha.

Na quinta-feira (31 de março) passada, a paciente grávida chegou a ser levada para o CHS, pois reclamava de dores e havia perdido líquido amniótico. “O bebê já estava ‘encaixado’ e tudo parecia que logo iria nascer”, recorda a técnica de enfermagem. Porém, a paciente passou por avaliação médica e foi liberada a voltar para o Caps “Saca Só”, localizado na Vila Angélica, pois não haveria risco de nascimento.

 

Apoio em saúde mental

 A paciente que deu à luz é atendida no Caps AD III “Saca Só” há 10 dias. “Inicialmente ela se negava a receber ajuda. A equipe do Caps fez então todo um trabalho de esclarecimento e convencimento, por meio de visitas domiciliares, até ela aceitasse esse apoio em saúde mental e fosse acolhida”, explica a coordenadora da unidade, Ilda Zaideman Azar. Esse trabalho de busca ativa é de praxe.

No Caps III AD “Saca Só” atuam 37 profissionais de saúde, de diversas áreas. São mais de 1.900 pacientes inscritos e 1.000 ativos que recebem atendimento frequente. Cada paciente tem um Projeto Terapêutico Singular, com participação em oficinas distintas, como horta, ginástica, culinária, pintura, tapetes, caminhada, entre outras além de grupos de visitas domiciliares, psicoterápicos e de terapia comunitária.

Embora tenha leitos temporários para internação de pacientes, em caso de recaída às drogas ou depressão, o Caps não funciona como hospital. “É um local onde a pessoa é envolvida, onde tem acompanhamento especializado e atividades com o objetivo de reconstruir a vida do paciente em sociedade”, acrescenta Ilda.

A revisão dos tratamentos dos pacientes é feita semanalmente. A ideia ainda é que o Caps funcione como uma segunda casa do paciente, onde pode entrar e sair quando quiser e frequentar determinadas atividades quando desejar. “Parte da eficácia do tratamento está no fortalecimento de vínculos entre eles, seus familiares e amigos”, finaliza.

Sorocaba ainda conta com um segundo Caps AD III, o “Roda Viva”, no Centro, sendo que até o final do ano o município ganhará uma terceira unidade do tipo, também a integrar a Rede de Assistência Psicossocial (Raps), que está em fase de implementação na cidade. Ainda há outros dois Caps em funcionamento, específicos para saúde mental, e mais três com atendimento especializado a crianças e jovens.