Boato de morte por Ebola no PA do Laranjeiras causa tumulto e secretário de saúde nega vínculo do óbito com epidemia
- 02/06/2015 às 03:59
- Atualizado 12/09/2022 às 03:59
Um boato de que um homem teria morrido devido ao vírus ebola causou tumulto no Pronto Atendimento do bairro Laranjeiras na noite desta segunda-feira (1º). O homem, que supostamente é do Haiti – na América Central, morreu por volta das 19h.
Após isso, por volta das 21h, surgiram rumores de que a morte teria sido causada pelo vírus que atingi vários países no continente africano. Funcionários da unidade passaram a usar máscaras, o que alarmou ainda mais a situação e alimentou a boataria.
“O PA do Laranjeiras estava super vazio e vi todos com máscara. Vi também umas pessoas estranhas lá. Aí, que escutei os médicos falando que uma pessoa morreu de ebola. Uma enfermeira avisava a mãe que estava com seu filho que era bom ficar longe porque era contagioso. Eu escutei os médicos falando que a pessoa morreu de ebola”, explica uma paciente que esteve na unidade quando a informação era difundida entre os pacientes.
Um funcionário da rede municipal de saúde, que pediu para não ser identificado, confirmou a situação. De acordo com ele, todos que deixavam o local estava com muito medo.
O secretário municipal de saúde, Francisco Antônio Fernandes, descartou a possibilidade de ebola. “Começou ‘zum zum zum’ dentro da unidade de uma forma impressionante. Não é descaso, mas a gente está tomando todos os cuidados para orientar a forma correta para seguira vida normal, porque não tem nada de ebola”, garante. “Foi feita a limpeza adequada do terminal, não de ebola, mas a limpeza do terminal da unidade como deve ser feito para que outra pessoa possa usar”, explica.
Dengue
Conforme Francisco, a desorganização no atendimento foi gerada por alguém que provavelmente não seguiu o protocolo adequadamente. “Claro que isso foi uma sucessão de falatórios e nada foi escrito no prontuário médico. Na verdade foi uma febre hemorrágica, provavelmente. O paciente chegou no fim da tarde. Ele teve todo tratamento da parada que a gente fala. Ele foi entubado e recebeu choque, mas infelizmente acabou falecendo. O quadro é típico de uma febre hemorrágica. A suspeita principal é dengue. Não tem quadro clínico de ebola, nem a diarreia que é um quadro histórico de pacientes com o vírus. Houve uma sucessão de equívocos e agora está sendo orientado os plantonistas de lá para que se resolva essa situação”, diz.
Francisco também comentou sobre os protocolos em caso de ebola. “O protocolo é claro: suspeitou de ebola, fecha a unidade e ninguém entra e ninguém sai. Neste caso, o próprio médico coloca no prontuário, claramente, que não tem nada a ver com o vírus ebola. O paciente morreu num curto espaço de tempo sem um diagnóstico definido. Por isso foi para verificação de óbito”, termina.
O resultado da necropsia deve sair nesta terça-feira (2).