Zoo de Sorocaba possui exemplar macho da famosa jararaca da Ilha da Queimada Grande

Zoo de Sorocaba possui exemplar macho da famosa jararaca da Ilha da Queimada Grande Imagem por Jornal Zona Norte e Texto por Jornal Zona Norte
  • 18/01/2016 às 19:07
  • Atualizado 12/09/2022 às 19:07
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A espécie está ameaçada de extinção, classificada como criticamente em perigo

 

Os visitantes do Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros” já podem conferir o mais novo habitante do serpentário: um exemplar macho adulto da famosa jararaca-ilhoa (Bothrops insularis), com cerca de 80 centímetros de comprimento. Esta espécie de jararaca é encontrada somente em um local do Brasil: a Ilha da Queimada Grande, no litoral sul do Estado de São Paulo, próxima a Itanhaém e Peruíbe, e está nas listas nacional e internacional de animais ameaçados de extinção. Em ambas, está classificada como criticamente em perigo.

Proveniente do biotério da Universidade Cruzeiro do Sul, o animal chegou ao “Quinzinho de Barros” em novembro de 2015 e a ideia é que, futuramente, ele seja pareado para que possa reproduzir e dar continuidade à espécie, em cativeiro. E esta é uma das funções de um zoológico: a conservação. “Futuramente vamos tentar a reprodução, mas claro que isto não depende apenas do Zoo, mas de outros órgãos para conseguir uma fêmea para ele”, explica o biólogo Marcos Tokuda, responsável pelo Setor de Répteis do parque.

A serpente está na lista nacional e internacional de animais ameaçados de extinção principalmente pelo tráfico ilegal internacional. “Além disso, como esta cobra só existe na Ilha da Queimada Grande, uma queimada no local poderia extinguir toda a população de jararaca-ilhoa”, diz Marcos Tokuda.

O Zoo de Sorocaba foi escolhido para ser um dos locais que deverá estabelecer uma criação ex situ (em cativeiro) piloto, protocolos de manejo e manter uma população geneticamente viável e saudável para posteriormente ser reintroduzida na natureza, se assim for determinado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

De acordo com Marcos Tokuda, a escolha do Zoo se deu, principalmente, pela tradição com répteis, com um plantel de grande diversidade de espécies, além de um corpo técnico que conhece o manejo destes animais. O serpentário possui, atualmente, cerca de 100 indivíduos entre serpentes, lagartos, anfíbios e quelônios, como a falsa-coral, a cascavel, o urutu-cruzeiro e o sapinho-garimpeiro, entre outros. “Além disso, o Zoo já trabalha com bastante espécies ameaçadas e está inserido em vários Planos de Ação Nacional (PAN) para a conservação de animais”, afirma o biólogo.

O Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros” funciona de terça a domingo, das 9h às 17h, e está localizado na Rua Teodoro Kaisel, 883, na Vila Hortência.

 

Características da espécie

Uma diferença entre a jararaca-ilhoa e as demais jararacas é o comportamento. Tanto os indivíduos jovens quanto os adultos têm hábitos predominantemente arbóreos, diurnos e dieta a base de pássaros. Os adultos se alimentam principalmente de aves migratórias que são capturadas tanto no chão quanto nas árvores. Já os indivíduos jovens alimentam-se de lacraias, anfíbios e lagartos, centopeias e também de outra serpente que ocorre na ilha: a dormideira (Dipsas albifrons).

Além da mudança parcial do solo para as árvores, outra característica da jararaca-ilhoa decorre da especialização alimentar, pois a ação do veneno dela é cinco vezes mais potente para matar uma ave que o da jararaca comum. A jararaca-ilhoa retém a ave capturada na boca até o veneno matá-la, ao contrário das outras jararacas que picam suas presas no chão e soltam imediatamente, perseguindo seus rastros até encontrá-las imobilizadas pelo veneno. Essas características são adaptações que a jararacas-ilhoas sofreram ao longo do tempo para viverem na Ilha da Queimada Grande.

São animais vivíparos e o acasalamento da espécie ocorre entre março e julho, quando nascem em média 10 filhotes.