Vereadores refutam acusações de compra de votos feitas ao MP

Vereadores refutam acusações de compra de votos feitas ao MP Imagem por Jornal Zona Norte e Texto por Jornal Zona Norte
  • 23/10/2015 às 14:27
  • Atualizado 12/09/2022 às 14:27
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Os Vereadores citados em uma acusação de compra de votos da eleição da Mesa Diretora da Câmara de 2016 feita ao Ministério Público do Estado de São Paulo e que culminou na abertura de um Inquérito Civil para apurar o caso, refutaram com veemência o teor da acusação e lamentaram a repercussão do caso.

Todos os sete vereadores citados falaram sobre o caso. Waldecir Morelly (PRP) desqualificou a denúncia e defendeu o trabalho do Ministério Público. “Não há base, não tem fundamento. Nunca tivesse esse tipo de conversa com o Marinho (Marinho Marte – PP). Essa conversa nunca rolou aqui dentro da Câmara. Uma carta com tudo falso. O promotor está no papel dele. Ele tem mais é que investigar. Agora, se todo iluminado que passar neste corredor e dizer que vai prejudicar sete vereadores, aí fica difícil da gente trabalhar. E nós temos um trabalho honesto, um trabalho sério com a população de Sorocaba. Eu tenho uma vida profissional fora da Câmara e não pode ser denegrida por um iluminado que quer um minuto de fama. Nos próximos dias, eu tenho certeza que tudo será esclarecido, e infelizmente, só vai ficar algumas pessoas que não entendem, que estão fora do mundo político, podem não entender e interpretar mal os vereadores, inclusive este”, afirma. É uma pena e lamentável o que está acontecendo”, termina.

Wanderley Diogo (PRP) foi enfático ao negar qualquer fato envolvendo a suposta negociação. “Primeiramente, em nenhum momento eu me reuni com vereador “a” ou “b”, ou com aquele que se diz candidato a presidente. Segundo: nunca entrei no gabinete do vereador que foi questionado e que eu teria feito um acordo. Sempre fui uma pessoa pobre e nunca precisei fazer esse tipo de situação. Essas coisas vêm para perturbar a vida da gente. Nunca fiz isso e nunca vou fazer, por que a bíblia diz que o homem é digno do próprio salário. Então, não preciso me vender para ninguém”, comenta. “Eu não faço acordo. Outra coisa: o partido já decidiu em quem irá votar. Vamos mandar a defesa para o Ministério Público, mas para mim o assunto está encerrado. O promotor tem razão e é o serviço dele. Tenho certeza e plena convicção que não devo nada. Quero dizer ainda ao povo sorocabano que quando vim para a Câmara, eu vim para defender o povo da cidade. Estou de consciência tranquila”, termina.

Luis Santos (PROS) ressalta que a denúncia é improcedente. “Geralmente esse tipo de situação é negativo para o vereador, para o político. E aí, eu entendo porque tanta gente não quer participar da política partidária para melhorá-la porque o preço que se paga é muito alto. Não importa a sua posição e seu trabalho aqui, que nem sempre é reconhecido. Mas o risco que se corre de, de repetente, ver o seu nome envolvido em uma situação como essa. Deus é a única testemunha e o único que pode me socorrer neste momento.”, explana. “Quero deixar bem claro para a população de que em nenhum momento procede essa denúncia, essa acusação terrível contra minha honra e a minha pessoa e deixo nas mãos de Deus que faça o julgamento de quem tomou essa iniciativa”, lembra.

Irineu de Toledo (PRB) destaca o papel do promotor público. “Se tem alguém que não tem culpa nisso tudo é o promotor público. Esse é o trabalho dele, o papel dele. Eu questiono o seguinte: a publicidade. Aí é que está a questão. Vai alguém no Ministério Público e denuncia uma ilicitude de vereadores e cita nomes. Ah, mas o RG não bate, não sabe quem é a pessoa. Mas ele é um anônimo que fala, que denuncia, mas depois não prova. E quando ele não prova, o nosso ordenamento jurídico diz quando alguém faz uma denunciação caluniosa e não prova, ele responde por isso. Agora, cadê essa pessoa para responder pela denúncia que ela fez?”, questiona. “isso é insegurança jurídica”, diz. “O promotor público está no direito dele, no papel dele. Ele tem de investigar, porque é o guardião da coisa pública”, ressalta. “O doutor Orlando Bastos tem um cuidado muito grande quando se trata de poder público. O que ele poderia ter feito era nos ouvir primeiro. O problema foi a publicidade. Não existe isso e eu não preciso me preocupar com isso. Não peguei dinheiro de ninguém”, termina.

Marinho Marte (PPS), citado como candidato e que estaria negociando a compra dos votos, conforme o MP, chegou a pedir desculpa aos colegas citados no inquérito. “Nós merecemos respeitos. Os vereadores citados de forma criminosa não mereceriam estar passando por isso. Eu faço uma representação com a maior responsabilidade. Desde muito tempo, aprendi que só devo me curvar diante de Deus. As dificuldades que sempre enfrentei, foi de cara limpa. Não devo nada para ninguém. Não tenho esse comportamento baixo, chulo. Eu nunca estive tão tranquilo na minha vida com essa manifestação e faço de coração”, diz.

Logo após a publicação da reportagem do Z Norte na terça-feira (21), que revelou em primeira-mão os detalhes do inquérito do MP, Marinho comentou a situação, citando os fatos como uma trama diabólica. “É muito estranho tudo isso em um momento em que as candidaturas estão se definindo, apesar de que não era oficialmente candidato”, afirmou.  “Estou absolutamente tranquilo. A carta, a rigor, não existe. O promotor não foi atrás da identificação, não tomou nenhum cuidado. Não teve cautela de verificar o endereço. E agora? O ônus da prova é de quem acusa”, disse. “Como um promotor abre um inquérito sem checar o endereço?”, questionou. “É uma trama diabólica”, finalizou.

Hélio Godoy (PRB) afirmou que a situação é um constrangimento. “O Senhor conhece o nosso presente, o nosso passado e o nosso futuro. Por isso, eu tenho a dignidade de vir aqui dizer que eu vou continuar o meu trabalho independente do resultado. Estarei feliz e voltarei aqui no final do próximo ano dizendo dos resultados que obtive para a minha comunidade. Quero dizer aos senhores que todos nós estamos sujeitos a passar por esses constrangimentos”, comenta. “Por isso, que a população de Sorocaba pode ter a dignidade de dizer que aquele que eles escolheram são dignos de toda a confiança”, conclui.

Antonio Silvano, o Tonão (SDD) também fez uso da palavra, mas preferiu criticar os altos salários de funcionários do poder público municipal. Conforme ele, em muitos casos, os salários são mais altos que o do prefeito da cidade.

José Crespo (DEM), que é presidente da Comissão de Ética e Decoro Parlamentar, Izídio de Brito (PT), Pastor Apolo (PSB) e o presidente da Casa, vereador Gervino Claudio Gonçalves, o Claudio do Sorocaba I (PRP), prestou solidariedades aos colegas citados na investigação do MP.

 

 

Sobre o inquérito

De acordo com o Ministério Público, denúncias dão conta de que, para as eleições da Câmara Municipal de Sorocaba, a partir de 2016, Mário Marte estaria “negociando votos por dinheiro, tendo oferecido numerário para os demais vereadores representados. Rumores sobre o comportamento do vereador Mário Marte neste sentido não são novos, porém, agora, temos dados mais concretos, e eventuais beneficiários diretos”, afirma o promotor Orlando Bastos no documento que determina a abertura da investigação. Bastos é promotor responsável pelo Inquérito.

Devido a circunstancias, e segundo o promotor, para a completa apuração dos fatos, houve a instauração do Inquérito e a determinação de que os representados apresentem esclarecimentos em 10 dias.

 

Comissão de Ética

A Comissão de Ética da Câmara de Sorocaba se reuniu na terça-feira (20) para discutir a questão envolvendo a abertura do procedimento investigatório do  Ministério Público para apurar suposta negociação de compra de votos para a eleição da Mesa Diretora da Câmara de 2016.

Todos os sete vereadores acusados prestaram depoimento, negaram taxativamente qualquer conhecimento ou participação em atitudes desse tipo e firmaram termo circunstanciado.

Em seguida, conforme a Assessoria de Imprensa do Vereador José Crespo (DEM), a Comissão faria contato para ouvir o denunciante, mas verificou que o promotor “não se preocupou em colher o endereço ou outros dados que permitissem localizá-lo. Diante da situação, Crespo recorreu ao delegado seccional, Dr. Marcelo Carriel, que teria acessado o RG (João Francisco Queiroz, RG 13.704.067) no sistema policial e verificou que o mesmo era falso. “Ou seja, aquele número pertence a outra pessoa, residente em São Paulo, capital”, revela o documento divulgado por Crespo. “Diante disso, ficou demonstrada que a denúncia era vazia, inconsistente, e foi designado o vereador Pastor Apolo para redigir o Relatório, que deverá arquivar o caso.

O vereador lamentou que o promotor Orlando Filho não tenha tomado os cuidados exigidos pela legislação regente, endossando uma acusação falsa e sem qualquer embasamento, e pretende ingressar com reclamação contra ele na Corregedoria do MP, nos próximos dias.

Na quinta-feira (22), a Comissão de Ética emitiu relatório sobre o caso, no qual noticiou o arquivamento da representação sobre o caso.