Saúde diz não ter material para cirurgia e homem corre risco de ficar paraplégico, diz advogado

Saúde diz não ter material para cirurgia e homem corre risco de ficar paraplégico, diz advogado Imagem por Jornal Zona Norte e Texto por Jornal Zona Norte
  • 08/07/2016 às 13:35
  • Atualizado 12/09/2022 às 13:35
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Unidades de saúde ligadas ao estado e ao município não teriam material para a realização de uma cirurgia em um homem que apresenta quadro de fratura na coluna e que necessita de cirurgia. O paciente está internado na Santa Casa de Sorocaba desde segunda-feira (4). Ele sofreu um acidente no domingo (3) na cidade de Apiaí. As informações são do advogado que representa o caso e foram repassadas nesta quinta-feira (7).

O caso é alvo de uma ação judicial com pedido de liminar que foi impetrada na quarta-feira (6). No processo o advogado informa que do dia 03 de julho (último domingo), Jose Rodoney da Silva, de 51 anos, foi vítima de um acidente de trânsito, onde pilotava uma moto e foi atingido por um caminhão. Em decorrência do acidente o paciente sofreu grave fratura em sua coluna vertebral e necessita, urgentemente, de cirurgia. “Assim, devido ao agravamento do quadro de saúde do autor o Hospital solicitou a realização da cirurgia, com urgência, ao CHS de Sorocaba e Santa Casa de Sorocaba (SIC), no entanto, o CHS negou realizar a cirurgia, sob o argumento de que não possuem material para a realização da cirurgia e a Santa Casa também recusou atendimento, sob o argumento de que não possui condições técnicas para resolução”, denuncia outro trecho do processo.

O paciente foi atendido inicialmente na cidade de Apiaí, que não possui nem o equipamento adequado para a realização de procedimentos para constatar fratura. Sem ambulância na cidade e sentindo fortes dores, o paciente foi removido do município que fica no Vale da Ribeira até Sorocaba em carro de parentes. Aqui, José foi atendido na Unidade de Pronto Atendimento da Zona Leste (UPH), onde recebeu atendimento. Posteriormente, Jose Rodoney da Silva foi encaminhado para a Santa Casa, onde permanecia internado até o inicio da noite de quinta-feira (7).

O advogado Anselmo Bastos, que cuida do caso, afirma que até o colar cervical a família teve que providenciar. Ele ainda postou em uma rede social o documento com a suposta informação da recusa na cirurgia. O documento afirma que o paciente possui “fratura na coluna torácica com necessidade de cirurgia” e que o caso foi negado sob alegação de que a instituição está “sem material para a cirurgia de coluna no momento”. O documento, que seria interno das instituições de saúde, é atribuído ao paciente.

O advogado ainda alega que o paciente, que reside no Jardim Ipiranga, não teve problemas maiores por milagre e pede na ação para que a cirurgia seja feita imediatamente.

A família se reveza para cuidar do homem. “Ele sente muita dor. Amanhã, eu que vou ficar com ele”, afirma a sobrinha Débora Pereira. “Ele grita de dor”, termina.

 

Secretarias

Questionada sobre a situação, a Secretaria Estadual de Saúde disse que o caso está sendo monitorado. “No caso citado pela reportagem, é importante frisar que a Cross (Central de Regulação de Ofertas de Serviços), assim que teve acesso ao caso, já iniciou o processo de regulação do paciente para uma unidade de referência. O paciente está sendo assistido na unidade de saúde em que se encontra e os médicos da Cross estão monitorando, constantemente, a evolução do quadro de saúde do paciente e, quando houver a segurança clínica necessária, ele deverá ser transferido.”

A Secretaria Estadual também negou a recusa no atendimento. “O Conjunto Hospitalar de Sorocaba esclarece que não é do feitio da unidade recusar qualquer tipo de paciente. O hospital realiza todos os esforços possíveis para atender a todas as demandas da região e seu pronto-socorro é referenciado, ou seja, recebe e prioriza pacientes com quadros graves e gravíssimos, levados por serviços de Samu ou Resgate, e também aqueles encaminhados de outras unidades de saúde, que necessitam de cuidados especializados. Entretanto, a boa resolutividade da rede básica municipal é fundamental para que hospitais especializados, como o CHS, não fiquem sobrecarregados”, afirma. “Vale ressaltar que o Conjunto Hospitalar de Sorocaba é referência para 48 municípios e, conforme diretriz do SUS (Sistema Único de Saúde), o papel de hospitais, como o CHS, é o atendimento dos casos de média e alta complexidade, enquanto os casos de baixa complexidade devem ser absorvidos pela rede básica municipal. Cabe, portanto, aos municípios redimensionarem suas redes de assistência para garantir os atendimentos básicos e evitar que os hospitais de referência fiquem sobrecarregados no setor ambulatorial.”

A Secretaria Municipal de Saúde não respondeu aos nossos questionamentos.

Até o fechamento desta edição, a Justiça ainda não havia analisado o pedido de liminar sobre o caso.