REDES DE CONVERSA – Último debate do ano foi marcado por contrapontos a diversos paradigmas da educação

REDES DE CONVERSA – Último debate do ano foi marcado por contrapontos a diversos paradigmas da educação Imagem por Jornal Zona Norte e Texto por Jornal Zona Norte
  • 28/11/2013 às 11:09
  • Atualizado 12/09/2022 às 11:09
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Realizada em 26 de novembro, a última edição de 2013 do programa Redes de Conversa, promovido pelo Objetivo Sorocaba, foi marcada por informações pontuais e colocações contundentes dos palestrantes e do mediador, jornalista Sergio Rizzo. Segundo ele, a educação é algo tão importante que o estabelecimento das suas diretrizes não deveria ficar, exclusivamente, nas mãos de professores. “Também sou educador, mas entendo que a discussão sobre seus rumos deveria envolver toda a sociedade”, afirmou, no final do encontro. 

A psicóloga Camila Piza, coautora do livro “Volta ao Mundo em 13 Escolas”, e a jornalista Mariana Fonseca foram as palestrantes na data. O jornalista André Gravatá também era aguardado, mas não pôde comparecer por conta de um imprevisto ocorrido em uma atividade de que participou naquele dia. Porém, enviou mensagens de vídeo, exibidas no início e no final do evento.

A primeira a conversar com os presentes foi Mariana Fonseca. Ela contou como surgiu e qual é a proposta do site Porvir, da qual é editora. Mariana defendeu a tese de que várias personagens podem intervir na educação. “Hoje, são muitas tecnologias, diferentes olhares e idades que atuam conjuntamente”, destacou.

De acordo com Mariana, não existe um modelo único para a escola do século XXI. Por isso, a proposta do Porvir é mapear conceitos e soluções educacionais, como, por exemplo, a personalização do ensino. “São formas diferentes em ritmos diversos e baseados em conhecimentos prévios”, ponderou.

Outros pontos mapeados pelo site e destacados pela jornalista durante o Redes de Conversa são que o ensino tende a se tornar híbrido. Trazer para a escola fluxos de informações online e offline ou eliminar divisões, sejam elas por série, faixa etária ou espaços físicos, se enquadram nesse conceito. “Tem uma escola pública na Rocinha (favela do Rio de Janeiro) onde isso já acontece”, exemplificou.

Mariana também mencionou que a tecnologia estará cada vez mais presente no cenário educacional. “Algoritmos ajudarão a entender a dificuldade dos alunos e orientar os professores sobre como atuar diante dessa realidade, algo como já ocorre no Google, cujos algoritmos identificam nossas buscas mais frequentes e indicam sites automaticamente, sem que solicitemos”, disse.

A experiência, investigação e resolução de problemas são mecanismos de aprendizado poderosos e que melhoram a performance dos alunos, destacou a jornalista. A robótica e o conceito “makers”, ou seja, aprender fazendo, serão cada vez mais indispensáveis. “Os laboratórios se tornarão os pontos de partida de todo o processo.”

A grande discussão atual, segundo Mariana, são as habilidades do novo milênio e como formar professores para essa nova realidade. “As salas de aula do século XXI deverão ter impressora 3D; a presença física não será tão importante para se buscar informações; a neuroinformática será muito utilizada, assim como holografias, telas de retina, mobiliário interativo e realidade virtual imersiva”, antecipou a psicóloga Camila. “Enfim, precisaremos ensinar os alunos a aprender.”

Camila iniciou sua apresentação explicando que a proposta do Coletivo Educ-Ação é inspirar jovens, pais e educadores. Para ela, tudo começou quando um grupo de ‘provocadores’ foi em busca de escolas, espaços de aprendizado, cursos formais e não formais que utilizassem novos formatos.

A psicóloga contou que o grupo atual, formado por quatro profissionais (nenhum deles é educador) visitou 13 escolas inovadoras, de onde surgiu o livro “Volta ao Mundo em 13 Escolas”, que são: Amorim Lima, de São Paulo; Escuela Experimentales, da Argentina; Riverside, da Índia; Politeia, de São Paulo; Schumacher College, da Inglaterra; Cieja Campo Limpo, de São Paulo; Green School, da Indonésia; Quest to Learn, dos Estados Unidos; Sustentability Institute, da África do Sul; Team Academy, da Espanha; Yip, da Suécia; CPCD, de Minas Gerais; e North Star, dos Estados Unidos.

 

Palestrantes

*Mariana Fonseca: Editora do Porvir, site que produz, dissemina e promove a troca de conteúdos sobre inovações educacionais; jornalista especializada em mídia, mundialização e globalização pela Universidade Paris II – Panthéon Assas e co-idealizadora da Corrente do Bem, braço brasileiro do Pay It Forward Day. Também já foi editora-assistente do Le Monde Diplomatique Brasil e trabalhou em projetos de engajamento cívico on-line pela Webcitizen.

*André Gravatá: Um dos autores do livro “Volta ao Mundo em 13 Escolas”, que compila 13 experiências transformadoras na educação ao redor do mundo; jornalista e colaborador das revistas Superinteressante, Vida Simples e Piauí. Em 2012, organizou um TEDx sobre microrrevoluções e conseguiu patrocínio do TED para participar no Qatar de um encontro com 800 TEDxers do mundo todo.

* Camila Piza: Formada em psicologia, saiu da faculdade com vontade de aprender um pouco mais sobre o processo criativo. Trabalhou com pesquisa de tendências comportamentais, branding e inovação, e sem querer, deparou-se com a mediação de conflito, área em que se especializou, encontrou novas ferramentas de trabalho e trouxe inspiração para que ela continuasse a mesclar as áreas de comunicação e o diálogo, com criatividade e seu interesse por escutar histórias de vida. O tema da educação cresceu em sua vida nos últimos três anos, quando começou a trabalhar com projetos na área e resgatou uma antiga vontade de ser professora. Integrante da área de pesquisa da Mandalah, agência que trabalha criando estratégia para os negócios crescerem enquanto geram valor social. É uma das fundadoras do Coletivo Educ-Ação e uma das autoras do livro Volta do Mundo em 13 Escolas.