Biruta eletrônica é desenvolvida no Parque Tecnológico de Sorocaba

Biruta eletrônica é desenvolvida no Parque Tecnológico de Sorocaba Imagem por Jornal Zona Norte e Texto por Jornal Zona Norte
  • 23/02/2015 às 20:39
  • Atualizado 12/09/2022 às 20:39
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Empresa aposta que a nova tecnologia tende a aposentar os antigos “sacos de lona” usados na aviação

 

Pesquisas desenvolvidas no Parque Tecnológico de Sorocaba (PTS) resultaram na criação de uma “biruta eletrônica”, dispositivo eletrônico que tem tudo para substituir aqueles antigos “sacos de lona” instalados em aeródromos e que servem para indicar a direção e velocidade do vento em pousos e decolagens. O novo dispositivo, chamado de Weather Link 100 (W-Link 100), foi concebido pela startup BioSpace Desenvolvimento de Tecnologia LTDA. para conferir maior segurança ao setor aeroviário. O início da comercialização do produto está previsto para este semestre.

        A biruta vista normalmente nos aeroportos é um mecanismo capaz de sinalizar o sentido de deslocamento do vento de forma subjetiva. É constituída por um cone de tecido que contém duas aberturas opostas, das quais a maior fica acoplada a um aro de metal. A execução de pousos e decolagens é facilitada quando realizada em sentido contrário ao do deslocamento do vento.

O W-Link 100 foi concebido para ser instalado no interior das aeronaves, o que garante melhores e mais seguras condições de voo e pousos, por meio de dados precisos, atualizados a cada dois segundos. “O W-Link 100 passa informações sobre direção do vento, velocidade da rajada, temperatura e pressão atmosférica. Da tradicional biruta só tem mesmo o nome”, explicou Ricardo Ferreira do Amaral, criador do aparelho que levou três anos para sair do papel.

Segundo Amaral, o que torna o novo aparelho inovador é o fato de trazer os dados de pressão atmosférica para ajuste altimétrico. “A ideia surgiu na porta de um hangar em Avaré, ao ver a dificuldade de um piloto em pousar seu avião. Há aeródromos e pistas em que o piloto, em condições adversas de clima, tem de pousar a aeronave às cegas, sem ter noção de onde está o chão. Com esse tipo de leitura, o risco acaba”. A biruta inteligente funciona à base de energia solar. Sua pilha interna tem autonomia para até quatro dias sem sol e, após esse período, por ao menos mais 30 dias em stand by.

 

Torres e outras finalidades

Os dados recebidos pelo W-Link 100 são gerados por estações de solo (WLT-GWS), que também funcionam por energia solar. O raio de alcance de emissão de dados é de 12 quilômetros. “A medição da temperatura é feita sem a influência do ar e a da velocidade do vento por meio de ultrassom, tecnologia que reduz a necessidade de manutenção. O custo de produção de cada torre, que pesa 13 quilos, é de aproximadamente R$ 40 mil. O receptor será vendido por cerca de US$ 700, sem contar os impostos.

A intenção da BioSpace é locar essas unidades de solo. O valor ainda está indefinido. “Assim que tudo estiver pronto para ser operacionalizado, pretendemos iniciar a transmissão com 32 torres. Temos investidores e o objetivo é chegar a 200 no primeiro ano”, aponta Amaral. A maioria delas deve ser instalada em aeródromos na costa norte do Rio de Janeiro, de Americana e Campinas, bem como em propriedades particulares nas regiões de Itu e Tatuí.

Embora o aparelho tenha sido desenvolvido para atender a aviação em geral (com exceção da comercial), seus criadores planejam utilizar o equipamento para outras finalidades. O sistema de armazenamento de dados das torres permite montar um banco de dados climatológicos, determinante na definição de investimentos nos setores de agronegócios e de geração de energia eólica. A BioSpace tem como parceira no projeto o instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), na validação do sistema de dados da biruta eletrônica e das torres.

 

Por que Sorocaba?

A BioSpace está sediada no PTS desde janeiro de 2014. A empresa começou a operar em São Paulo, mas mudou de endereço devido à necessidade de mão de obra qualificada, custo menor e localização privilegiada. “Tem ainda a questão da melhor qualidade de vida. É muito mais tranquilo viver em Sorocaba do que em São Paulo. A ideia é enraizar nossa empresa na cidade”, destaca Amaral. Além dele e de seu sócio José Eduardo Trabulsi, a startup conta com dois funcionários contratados em Sorocaba e ganhará um terceiro.

A patente da biruta eletrônica e da estação de solo foi requerida pela BioSpace no Brasil e em outros países, como Israel, Estados Unidos, Alemanha e França. “Nosso foco principal é aumentar a segurança na aviação, por meio da oferta de um sistema de informação de qualidade”, resume.