Após reintegração de posse, famílias têm dificuldades em obterem auxílio da Prefeitura

Após reintegração de posse, famílias têm dificuldades em obterem auxílio da Prefeitura Imagem por Jornal Zona Norte e Texto por Jornal Zona Norte
  • 17/03/2018 às 13:11
  • Atualizado 12/09/2022 às 13:11
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Após a ação de reintegração de posse ocorrida na terça-feira (13) em área invadida no Jardim Herbert de Souza, na Zona Norte, as cerca de 200 famílias que viviam ali estão encontrando dificuldades em obterem ajuda da Prefeitura. Com a notícia de que a reintegração aconteceria, grupos de moradores se reuniram na Câmara, para pedir ajuda aos parlamentares. Além disso, ações judiciais pedindo o adiamento da ação foram protocoladas, mas sem sucesso.

Entre as pessoas que estão com dificuldades em conseguirem a bolsa aluguel está Ingrid Colace. “Eu fui até o CRAS para tentar a bolsa aluguel, que eu fiquei sabendo que poderia ter, mas me informaram que era tudo mentira. Que para conseguir aquilo, tem que ter casa própria e morar em área de risco”, afirma. Atualmente, Ingrid está morando na casa da mãe, com o marido e outros três filhos. “Está bem apertado. No CRAS, eles me ofereceram uma cesta básica e a possibilidade de cadastro no Bolsa Família, que eu já tenho”, relata.

De acordo com o portal da Secretaria de Igualdade e Assistência Social (SIAS), o Centro de Referência em Assistência Social (CRAS), “é uma unidade de assistência social que trabalha para promover o fortalecimento de vínculos familiares. Famílias que estejam passando por dificuldades ou problemas sociais contam com uma equipe de profissionais para ajudar a superar esses problemas. As famílias mais vulneráveis podem contar com benefícios e programas como o Bolsa Família, Cidadania na Mesa, Ação jovem e Renda cidadã”. Atualmente, o CRAS está em dez bairros: Parque São Bento, Jardim Nova Esperança, Ipiranga, Vila Helena, Ana Paula Eleutério (Habiteto), Laranjeiras, Brigadeiro Tobias, João Romão, Aparecidinha e Cajuru.

 

Sem saída

Quem acabou tendo a casa destruída pelos tratores utilizados na reintegração de posse, se viu sem saída. Um dos moradores, identificado apenas como Joel, morava sozinho, e teve de tirar seus pertences às pressas. “Consegui um amigo com uma Kombi, para tirar minhas coisas. Agora vamos ver para onde levar”. Ele tinha um fogão, cama, um freezer e um armário. Outros moradores, ainda, tentaram tirar telhas das residências, roupas e outros pertences. “Nos deram cinco minutos para tirar tudo, e só estava eu e meu marido. Perdemos minha cama, armário e ferramentas de trabalho do meu marido, que é serralheiro”, conta Raimunda Carvalho Capistrano, outra ex-moradora da área. Agora, Raimunda, o marido e o neto, de quatro anos, estão morando em uma residência, em outro local invadido, no Paineiras. “Um senhor de 76 anos nos acolheu, está dando apoio. Estou tentando me levantar, me erguer de novo. Não está fácil, mas tenho força para isso”, ressalta.

 

Resposta

Questionada, a Prefeitura de Sorocaba esclareceu que, por lei, o auxílio-moradia é destinado a famílias com renda de até R$ 1.600,00 e com renda per capta familiar de até meio salário-mínimo nacional, que tiveram suas casas totalmente interditadas pela Defesa Civil. Além disso, para ter o benefício, o munícipe precisa comprovar que a residência tenha sido interditada, através de laudo/termo de interdição expedido pela Defesa Civil ou apresentação de documento judicial competente, que os componentes da família que moram no imóvel interditado nunca tenham sido contemplados em programas habitacionais; que reside em Sorocaba há pelo menos três anos, que não é proprietários/compromissários ou donatários de nenhum outro imóvel, além daquele interditado e que os menores de 14 anos residentes da casa interditada estejam matriculados em instituições de ensino regulares no município de Sorocaba. De acordo com Cíntia de Almeida, titular da SIAS, até novembro do ano passado, 130 famílias eram beneficiadas com o auxílio e, após a entrega dos Residenciais Carandá e Altos do Ipanema II, restam apenas dez. “Outra reintegração de posse está sendo preparada, e estamos reservando de 130 a 140 bolsas para quando isso acontecer”, afirma.

Já para os que estavam na área invadida, a SIAS informa que ofertou “transporte para residências de familiares ou conhecidos em Sorocaba e ofereceu passagens para as famílias de outras cidades, que optassem em voltar para o município de origem. Das 90 famílias que viviam em imóveis não edificados no terreno, duas delas procuraram o Cras Habiteto. Já no Cras Laranjeiras, sete famílias foram atendidas. Elas tiveram o cadastro único atualizado, pois já recebem algum benefício contínuo, como o Bolsa Família”.