Irmãos são diagnosticados com Síndrome Mão-Pé-Boca na CEI 75, no Parque das Laranjeiras

Imagem por Jornal Zona Norte e Texto por Jornal Zona Norte
  • 24/08/2018 às 17:39
  • Atualizado 12/09/2022 às 17:39
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O fantasma da síndrome Mão-Pé-Boca passou a assustar os pais de alunos do Centro de Educação Infantil (CEI) 75 – Jornalista Alcir Guedes Ribeiro, no Parque das Laranjeiras. Algumas crianças, alunas da escola, apresentam os sintomas e pelo menos duas já foram diagnosticadas com a síndrome. De fácil transmissão, a doença tem difícil diagnóstico e é a mesma que atingiu a meses atrás alunos do Centro de Educação Infantil (CEI) 106-Áurea Paixão Rolim, no Jardim São Guilherme.

O Jornal Z Norte procurou a direção da escola, que alegou não ter permissão para dar declarações. Porém, em contato com funcionários da CEI, foram relatados 12 casos de crianças apresentando manchas na pele, mas ainda não diagnosticadas como a síndrome. O quadro atual é definido como escarlatina, uma infecção na garganta acompanhada de manchas na pele.

O diagnóstico, no entanto, é o mesmo que inicialmente recebeu a mãe Rosi Soares, que tem filhos gêmeos, de 3 anos. Após sete dias e diagnósticos variados, as crianças foram finalmente identificadas com a Síndrome após consulta com um pediatra do Hospital Modelo. “Procurei a diretora, que já notificou a vigilância epidemiológica, mas o que acontece: primeiramente, é identificado como infecção de garganta, ou algo viral, e os médicos não registram o código. Só depois de uma semana, no meu caso, foram identificar com o código certo”, explicou a mãe.

Seus filhos estão afastados da escola há 7 dias, e ficarão mais 10 dias sem frequentar as aulas. Esse tempo, de acordo com os médicos, é suficiente para que os sintomas desapareçam e se reduza o risco de contaminação. “Estamos passando um sufoco, com gêmeos há mais de uma semana sem diagnóstico preciso, com febre essas manchas pelo corpo todo. E tem mais crianças lá com a mesma doença, mas os médicos não conseguem diagnosticar no começo. E aí não é contabilizada e não existe atitude preventiva”, afirmou a mãe.

Rosi acredita que a melhor solução seria a Prefeitura comunicar os pais e promover a desinfecção da escola e seu fechamento, para evitar a disseminação do vírus. “Nós temos direito. A Prefeitura precisa vir e fazer uma limpeza e desinfetar a escola toda, e não ficar orientando os profissionais a passar lisoform nas coisas. A gente paga imposto pra isso. Assim como meus gêmeos foram contaminados, outras crianças podem ser também”, exclamou a mãe.

O Jornal Z Norte questionou a Prefeitura de Sorocaba, que respondeu que a Vigilância Epidemiológica Municipal ainda não recebeu nenhuma notificação do CEI 75 até o momento. A Prefeitura, porém, informou que a Vigilância Epidemiológica notificou novos casos após confirmar a doença no bairro São Guilherme.

Sobre a sugestão da mãe, de fazer algum tipo de isolamento na unidade, a Secretaria de Saúde informa que a medida “não se aplica”. De acordo com a Prefeitura, a orientação para os pais é o “afastamento temporário dos indivíduos doentes do ambiente escolar/trabalho (enquanto durar os sintomas da doença) e aumento nas medidas de higiene ambiental. Orientamos ainda lavagem freqüente das mãos como forma de evitar o contágio”.

A doença é identificada por febre alta, manchas vermelhas na boca, planta dos pés e palma das mãos, além de bolhas pelo corpo. Chamada de Síndrome Mão-Pé-Boca, segundo portais especializados em saúde, é causada por um vírus que pode provocar estomatites (uma espécie de afta) e é mais comum em crianças menores de cinco anos.

O quadro geralmente tem início com febre, que pode ser alta. Algumas crianças chegam a apresentar mais de 39ºC de febre, que pode durar de 2 a 3 dias. Depois de dois ou três dias de febre, surgem as lesões características. O diagnóstico é feito pelo pediatra com o histórico e o exame físico da criança.

 

Corte de ‘verbinha’ pode ampliar contágio?

Alguns dos procedimentos mais comuns a serem tomados para evitar a propagação do vírus é a limpeza e esterilização de objetos e locais de uso comum. De acordo com os pais de alunos, a direção da escola informou que a Prefeitura não envia materiais como lisoform, que é comprado com a verba para despesas míudas de pronto pagamento pelos diretores de escolas. Porém, essa verba será cortada a partir do dia 1º de setembro, por determinação da Administração Municipal.

O documento que determina o corte, assinado pelo secretário Mário Bastos, deve vigorar até o fim do ano. De acordo com informações da Prefeitura, a decisão foi tomada por questões orçamentárias.

A Prefeitura, por sua vez, informou que a limpeza de todas as escolas da rede municipal é realizada por equipes terceirizadas, de acordo com as especificações técnicas preconizadas para o ambiente administrativo. Qualquer necessidade específica de uma escola é analisada pontualmente. Segundo a Secretaria de Comunicação e Eventos, “isso nada tem a ver com a verbinha”.

 

Outros casos

Em abril deste ano, o jornal Z Norte noticiou um surto da doença no Centro de Educação Infantil (CEI) 106-Áurea Paixão Rolim, no Jardim São Guilherme. O primeiro caso foi um bebê, de um ano e dez meses, que contraiu um resfriado e foi encaminhado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Éden. “Eu levei ele e peguei o remédio. No domingo, ele começou com uma coceira no bumbum. Eu levei ele de novo e a médica achou que era uma alergia alimentar. Ele tomou outro remédio e injeção. No outro dia, começou a aparecer bolha no corpo todo dele, e o médico disse que era uma infecção de pele, mas que não sabia exatamente o que era, por isso receitou um antibiótico e pomada. No outro dia, eu voltei no médico de novo, e aí a doença foi confirmada”, relatou á época a mãe, Mayara Kelly Mendes Rodrigues, de 20 anos.

Com a confirmação da doença e a possibilidade de que ela se alastrasse, Mayara resolveu ir até a creche para saber como estava a situação dos colegas de classe do seu filho. “Eles falaram que iriam chamar a Vigilância Sanitária e que estavam higienizando tudo. Me contaram que só na classe dele, de 20 alunos, 18 pegaram”, conta. Agora, o bebê está em casa, em recuperação. “Coça muito, e ele teve febre, vômito e aftas. Agora ele está conseguindo comer, mas antes, nem isso”.

Outro aluno, da mesma escola, também sofreu com este problema. “Por uma orientação médica, eu não levo meu filho na creche sempre, porque ele tem a imunidade muito baixa, e sempre volta com alguma coisa. Há duas semanas, eu levei, para ficar o dia inteiro, e ele voltou com os sintomas da Síndrome”, contou a mãe Claudinéia Medrado, 30 anos.

Claudinéia contou que o filho não teve febre, mas ficou muito irritado, não comia e nem bebia. “Eu levei ele no médico e me disseram que era dor de garganta, aí passaram o antibiótico. Quando eu dei o remédio, começaram a estourar as bolas nele. Devo levar ele no médico hoje de novo, para mostrar o que está acontecendo”. As bolhas estouraram na região da boca, mãos e pés.