Ignorada por vereadores, tribuna popular da Câmara terá mudanças

Ignorada por vereadores, tribuna popular da Câmara terá mudanças Imagem por Jornal Zona Norte e Texto por Jornal Zona Norte
  • 05/10/2015 às 14:34
  • Atualizado 12/09/2022 às 14:34
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Está em tramitação da Câmara de Sorocaba dois projetos de resolução de autoria do vereador Marinho Marte (PP) que faz alterações na Tribuna Popular. Devido à apresentação de emendas, de autoria de Francisco Martinez (PSDB), as iniciativas foram prejudicadas e saíram de pauta.

As propostas de Marte alteram artigos do Regimento Interno da Câmara, um que trata das partes que compõe a sessão e outra que muda as regras para o uso da tribuna popular da Câmara. A princípio, a ideia era colocar a ferramenta popular no início das sessões e tirar as restrições que impõe o uso apenas para pessoas ligadas de alguma forma com entidades da cidade.

Marinho Marte refuta o argumento de que no início da sessão os vereadores ainda não estão no plenário. “Eu, como presidente, encerrei umas duas ou três vezes a sessão. Está no regimento”, argumenta.

“A realidade é que a Câmara, logicamente, têm que entender que a população cada vez mais tem que participar, tem que vir às seções, tem que pegar o microfone. Então, os vereadores que fiquem para ouvir as pessoas. A tribuna popular tem que ter uma dinâmica para facilitar o seu uso. Essa coisa que “eu não quero porque outros candidatos podem vir”, precisa mudar. Ninguém aqui é feito de vidro, ninguém é feito de cristal, ninguém é bibelô para ter esta repulsa de que pode vir um líder de bairro. Deixa ele que venha. A democracia tem que ser ampla e absoluta”, argumenta Marinho.

Marinho Marte ainda afirma que pretende brigar para que a mudança seja aprovada imediatamente. “Não é questão de negociar. Isso é inegociável, já deveria ter sido aprovado há muito tempo. A câmara tem uma certa resistência quando obriga os vereadores e escancarar o seu trabalho e mostrar o que ele faz. Isso é uma situação que é um comportamento que tem que ser revisto imediatamente”, enfatiza.

 “Eu acertei com vereador Marinho que nós iremos conversar um pouco mais sobre isso. O que está acontecendo é que não está sendo razoável para alguns”, afirma Francisco Martinez. “A gente precisa conversar mais sobre posturas iguais a todas as pessoas. O munícipe tem todo direito, desde que seja igual para todos. O que não pode é alguns segmentos ter preferência com relação a outros”, destaca. “Precisamos chegar a um denominador comum”, termina.

O vereador Anselmo Neto (PP), também comentou a mudança. “Eu temo que ela (a tribuna) seja usada para questões pessoais. Se o candidato a vereador, por exemplo, subir na tribuna popular e começar a falar sobre a falta de algo na cidade que seja de interesse público, ele pode falar. Ele está trazendo um assunto de relevância. Agora, ele vai ter que apontar os problemas que a cidade está demonstrando, mas as soluções que ele acha que são. Outra situação é a pessoa que não passou no concurso da prefeitura e usar a tribuna para reclamar disso. Esse não é caminho”, explica Anselmo.

Não há data para que as iniciativas voltem para serem discutidas e votadas em plenária.

 

Esquecida ou ignorada?

Neudir Simão Ferabolli, da FPU (Federação para a Paz Universal) foi o cidadão que usou a tribuna popular da Câmara pela última vez, falando sobre o Dia da Paz, comemorado no dia 21 de setembro. “Para alcançarmos a paz, precisamos de três condições: harmonia consigo mesmo, harmonia com os outros e harmonia com o criador”, enfatizou Neudir.

No entanto, a plateia interessada no assunto, em se tratando de vereadores, era formada apenas por quatro edis: Marinho Marte (PPS), Anselmo Neto (PP), Luis Santos (PROS) e Muri de Brigadeiro (PRP), que presidia a sessão.

Não é a primeira vez que os vereadores deixam a sessão quando alguém faria uso da Tribuna Popular. Recentemente, o próprio Francisco Martinez foi cobrado de situação parecida na Câmara. Porém, o fato mais grave ocorreu em setembro do ano passado, quando um aposentado, morador do bairro Iguatemi, passou mal após usar a tribuna. Ele reclamou da falta de atenção dos vereadores enquanto ele falava sobre problemas de segurança no bairro.