Deputada Maria Lúcia visita o Jornal Z Norte e concede entrevista exclusiva

Imagem por Jornal Zona Norte e Texto por Jornal Zona Norte
  • 24/01/2013 às 16:16
  • Atualizado 12/09/2022 às 16:16
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Em visita ao Jornal Z Norte,  a Deputada Maria Lúcia fala com exclusividade de suas conquistas e sobre assuntos polêmicos, incluindo “Cartão Recomeço” e caso Afif

 

A Deputada Estadual Maria Lúcia, (PSDB), é nascida em Santos, advogada e professora, está no terceiro mandato representando Sorocaba e região na Assembleia Legislativa. Na última sexta-feira, dia 17, a Deputada nos fez uma visita, conheceu nossas instalações, e deu uma entrevista exclusiva para o Jornal Z Norte. Na entrevista, a deputada, que também é criadora e presidente da Frente Parlamentar de Combate aos Motoristas Criminosos, e a atual presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia Legislativa e ainda a atual presidente do PSDB em Sorocaba, comentou sua história política e suas principais conquistas, além de avaliar o momento político do partido na cidade e responder sobre temas polêmicos como os cem dias de governo do prefeito Pannunzio e o projeto “Cartão Recomeço”. Maria Lúcia ainda afirmou que trabalha por um eventual quarto mandato junto ao legislativo estadual.

 

Z Norte: Deputada, como a senhora avalia o atual momento político em que a Senhora se encontra?

Deputada Maria Lúcia: Eu acredito que o meu mandato está em um momento muito especial. Nesse semestre começamos com algumas ações parlamentares de impacto, como na Frente Parlamentar de Combate a Motoristas Criminosos. Ela teve algumas conquistas como, por exemplo, a questão da tolerância zero, que foi fruto das audiências públicas que foram feitas pela Frente, tanto que fui nomeada para o comitê de segurança viária. Essa semana também fui reeleita para a comissão de constituição e justiça, que é uma comissão extremamente importante e por onde passam todos os projetos da Assembleia Legislativa, assim como várias ações do governo Alckmin. Sinto-me gratificada com essas conquistas, porque o nosso trabalho, as nossas conquistas, são ações afirmativas que vem do governo de São Paulo ou através das ações diretas que vem das secretarias de estado.

 

Z Norte: Qual é a relação política da senhora com o governador Geraldo Alckmin?

Deputada Maria Lúcia: Eu conheço o governador desde 1991, quando entrei no partido. Em 1992, ele era presidente do PSDB. Ele veio para Sorocaba e a gente estava no começo do partido. Desde esse momento, a gente sempre teve um bom contato, um bom relacionamento, antes mesmo de sonhar que ele pudesse ser governador. Eu continuei com a minha militância partidária, desde aquela época e participei de todas as eleições, até que ele veio a ser vice-governador do Mario Covas. Assumiu por uma fatalidade, quando ele veio a falecer, e fomos estreitando os laços. Eu fui eleita Deputada Estadual na gestão dele quando ele era governador e a aproximação foi ficando cada vez mais fortalecida e já fui líder da bancada do PSDB na assembleia e isso fazia com que eu tivesse uma interação ainda maior. Então, o fato de haver essa convivência saudável reflete no desenvolvimento do trabalho para a nossa região.

 

Z Norte: Como a senhora avalia os dois momentos do PSDB, quando a senhora iniciou os trabalhos no partido na década de 1990, e nos dias atuais, quando a senhora reassume a presidência?

Deputada Maria Lúcia: São dois momentos totalmente diferentes. Naquele instante nós não tínhamos sido governo municipal, não tínhamos ainda nem um parlamentar com mandato em nível estadual e federal. Então, foi todo um trabalho de construção da candidatura a prefeito. Não me lembro ao certo, mas fizemos um número de vereadores importante na época e, a partir dali, o partido passou a se tornar mais forte e aí nós elegemos um prefeito e vereadores. Era um momento de começo de PSDB na cidade. Hoje é outro tempo. O partido já está completamente fortalecido e organizado. Estamos há dezesseis anos com mandato no governo municipal, e com mais essa vitória importante do Pannunzio nessa última eleição. Quer dizer, estamos em um momento de consolidação do partido. Aquele era de construção e esse de consolidação.

Manter a vitória em nível de executivo municipal é muito importante. A Câmara municipal nós temos que fortalecer porque tivemos um desempenho ruim nas últimas eleições por vários motivos. Não foi incompetência do partido, foi uma conjuntura que fez com que tivéssemos só dois vereadores. E por isso, estamos construindo esse fato de trazermos nomes fortes para a nossa bancada, para que a gente possa ter candidatos fortes na próxima eleição. Foi importante no caso da assembleia ter conseguido por três vezes consecutivas a vaga de deputada estadual e isso fortalece o partido. Além de tudo isso, conseguimos eleger o governador, que foi extremamente bem votado na cidade.

 

Z Norte: Quais são as dificuldades que a senhora encontra na hora de definir para qual cidade e área vai uma emenda parlamentar?

Deputada Maria Lúcia: É dificílimo. É pouco dinheiro para muita cidade. Nós procuramos priorizar os prefeitos da nossa região. Alguns receberam um passível muito negativo em termos orçamentários e precisam de um recurso maior. E outros, que estão fazendo uma gestão após serem reeleitos, também têm o fato de que a cidade precisa continuar a crescer. Então, nós temos muita dificuldade por não termos eleito nenhum candidato a federal pelo PSDB e ainda o número de deputados estaduais por Sorocaba foi muito pequeno, e em termos de força política, isso é muito ruim. Por isso, são poucos deputados para distribuir verba para toda uma região, que se você for pensar, são setenta e nove cidades. Então, é uma escolha extremamente difícil e nunca você acaba contemplando todos os prefeitos. A gente trabalha em cima de prioridades, principalmente quando envolve a questão da saúde e da vida humana.

 

Z Norte: Quais foram os trabalhos que a senhora considera de maior importância no legislativo?

Deputada Maria Lúcia: Nós temos uma dificuldade na assembleia em votar muitos projetos, mas tem uma que permite protestar o aluguel em condomínio que evita a luta na justiça, que é um instrumento mais rápido, a lei que permite que se cassem os estabelecimentos que venderem álcool e droga para menores de idade, que achei que foi uma lei importante. Também tem a lei que cria atendimento preferencial para as mulheres que foram vítimas de violência sexual dentro da rede pública. Agora estamos criando a Frente Parlamentar para redução tributária dos medicamentos para que eles possam se tornar acessíveis para a população. Porque além das leis que nós podemos fazer, nós temos também as “frentes parlamentares”.

 

Z Norte: Qual a importância, na opinião da senhora, das ações com relação a frente de combate ao motorista criminoso?

Deputada Maria Lúcia: Elas são importantes no sentido de que quando você faz audiências públicas e debate com experiências de outros estados, isso dá uma contribuição grande para nós.  Ficamos sensibilizados com o depoimento impactante de quem ficou com limitação física por conta de um acidente de trânsito. Pedimos também para aqueles que se envolveram em acidente que tivessem vítimas, se passassem por “socorristas.” Que eles passassem a ter como penalidade, junto com o atendimento do resgate, porque eles poderiam ver o que acontece quando eles provocam um acidente.  Então, ao invés de você penalizar com cesta básica, você coloca ele dentro de certo período de tempo, claro capacitado, para também atender a ocorrência. É uma forma de mexer com a  consciência. Estamos atacando em todas as frentes.

 

Z Norte: E com relação a lei, de autoria da senhora, que muda o atendimento à vitimas de abusos sexuais, o que levou a senhora a apresentar esse projeto?

Deputada Maria Lúcia: Na verdade eu sempre trabalhei em movimento de mulheres, então nós percebemos que o número de vítimas silenciosas vinha crescendo e nós não tínhamos instrumentos para esse atendimento, para que encorajasse as mulheres a denunciar. E com isso, os dados estatísticos eram terríveis. Isso foi antes da Lei Maria da Penha. Com isso, nós fizemos um convênio, com o Instituto Médico Legal (IML), que faz a perícia, o Conjunto Hospitalar, a Polícia Civil e a Polícia Militar. Isso para estimular que a vítima da violência fosse atendida na própria unidade de saúde, e que ali fosse feito todo a atendimento necessário para identificar a violência que ela sofreu e ali também seria dado o coquetel contra a AIDS, caso o agressor estivesse contaminado, e ainda a pílula do dia seguinte, para que ela não tivesse uma gravidez indesejada em virtude da agressão.

 

Z Norte: O que pesou mais na hora de elaborar o projeto?

Deputada Maria Lúcia: O que pesou mais foi a situação das crianças que são vítimas silenciosas e que em muitas vezes são violentadas e não tem consciência da situação. Todo esse trabalho tem o objetivo de amenizar a situação estimulando a denúncia desse crime.

 

Z Norte: Como estão os trabalhos na Comissão de Constituição e Justiça que a senhora assumiu recentemente?

Deputada Maria Lúcia: Nós temos trabalhado muito na questão de avaliar os projetos na questão da constitucionalidade, porque muitos projetos que são apresentados pelos deputados, muitas vezes não são de iniciativa nossa, mas de iniciativa do executivo. Então, eles pecam pelo vicio de iniciativa. Nós temos trabalhado sempre isolando a questão partidária de todos os componentes da comissão, sempre pedindo para que a gente nunca possa votar porque o projeto é desse ou daquele deputado, mas sempre analisar a questão da inconstitucionalidade e legalidade. E nós temos conseguido trabalhar de uma forma harmônica com a oposição e a situação. É a nossa imagem que está em jogo e nós precisamos preservar isso.

 

Z Norte: Como a Comissão de Constituição e Justiça vai tratar da questão do vice governador Guilherme Afif, no caso de acumular o cargo com um ministério?

Deputada Maria Lúcia: Foi acatado pelo presidente da Assembleia o pedido de cassação dele, que agora segue para a Comissão de Constituição e Justiça. Estamos analisando, porque o regimento é omisso na questão e até agora eu não tinha presenciado uma situação como essa. É uma questão que vai ter que ser cuidada com muita cautela. Eu ainda não recebi o parecer da Assembleia e assim que receber vou ter que seguir as regras do regimento. A comissão deve decidir se aquilo deve continuar, e se for o caso, nomear um relator especial. O impacto político é muito forte e nós temos que analisar isso no ponto de vista constitucional. Já houve mudanças no regimento, mas ele não está contemplando muitas situações.

 

Z Norte: Como a senhora enxerga a questão da estrutura viária da região?

Deputada Maria Lúcia: Nós fomos muito contemplados pelo governo do Estado. Não estou fazendo apologia porque sou do partido do governador, mas a SP-79 foi uma estrada que foi totalmente cuidada, a SP-250, que pega a região de Ibiúna e Piedade, a própria SP-264, que vai ser duplicada. E nós temos ainda a questão da Rodovia Raposo Tavares, das Marginais que foram conquistas nossas, além da duplicação que vai até Itapetininga e Capão Bonito. Nós temos muitas estradas vicinais que foram muito bem cuidadas aqui na região. Eu acredito que o sistema viário nosso, em termos de estradas, recebeu muita atenção do governo. Eu vejo a região como muito bem atendida na questão viária.

 

Z Norte: Qual a visão da senhora com relação as críticas do programa Cartão Recomeço, que nas redes sociais está sendo chamado de “bolsa crack?

Deputada Maria Lúcia: O nome do cartão identifica a intenção do governo, que somente os insensíveis podem definir ou dizer alguma coisa, no sentido de achar que ele não é oportuno, que favorece esse ou aquele. E é a primeira vez que o governo interage no apoio a essas famílias. Ele quer dar um recomeço, e quando chamam pejorativamente de “bolsa crack” é uma oposição irresponsável que não tem consciência do mal que faz criticando um programa de ação social tão importante contra esse mal do século.

 

Z Norte: O PSDB sempre criticou a questão das fronteiras, que não receberiam a proteção e cuidado necessário do Governo Federal. Com essa questão do “Cartão Recomeço”, o partido não passa a cuidar do problema de forma a tratar só do sintoma? E o discurso da fronteira vira segundo plano?

Deputada Maria Lúcia: Não. Essa é uma queixa muito grande. Nós não temos a questão da vigilância adequada nas fronteiras do nosso país. Reclamam da segurança do Estado, mas está sendo feito tudo que é possível na questão da segurança, mas quanto mais eles apreendem armas, as fronteiras estão abertas, estão entrando armas e drogas. Então, se combatem em São Paulo esses crimes, mas as fronteiras, que é de responsabilidade do Governo Federal, estão abertas.  Estamos trabalhando em um círculo vicioso. Enquanto o Governo Federal não tiver esse compromisso de fechar nossas fronteiras e ter um policiamento necessário. O Estado faz sua parte, mas precisa ser uma ação conjunta.

 

Z Norte: Como a senhora enxerga as críticas feitas aos primeiros cem dias do governo Antonio Carlos Pannunzio? Houve exagero?

Deputada Maria Lúcia: Dizer que a cidade estava ou está abandonada é coisa da oposição. Com cem dias, você não pode analisar nem o bom e nem o ruim. Mas eu posso analisar o que eu vejo. E eu vejo o prefeito Pannunzio como um homem absolutamente ético, responsável e transparente.  Ele tem feito uma forma de gestão bastante responsável. A preocupação dele é combater os problemas mais graves, como na questão da saúde. Claro que tem problemas na cidade e vai ter sempre. As chuvas atrapalharam muito, mas vejo o Pannunzio como um prefeito muito comprometido.

 

Z Norte: A senhora tem visitado a Zona Norte frequentemente?

Deputada Maria Lúcia: É a primeira vez que estou aqui esse ano. Temos aqui um sistema viário que está sendo muito bem cuidado. A região está crescendo com qualidade de vida e isso é muito importante. A região está muito valorizada. A Zona Norte tem outro perfil, hoje.

 

Z Norte: Sobre o futuro, quais são suas perspectivas?

Deputada Maria Lúcia: Eu espero tentar o quarto mandato. E acredito que o Vitor Lippi saia para Deputado Federal. Não vamos cometer o mesmo erro de lançar dois candidatos e comprometer o resultado da eleição. Não diluir os votos, fazendo com que a cidade e a região perca. Eu me sinto em uma missão e vou procurar fazer cada vez mais para a população. Dentro do meu mandato é isso que vou continuar fazendo.